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Rita da Nova

Ter | 13.03.18

Viñales: a natureza cubana em estado puro

Depois de vos ter dado alguns conselhos básicos sobre uma viagem a Cuba e de vos ter contado a minha experiência em Havana, chegou a altura de falar sobre o sítio que mais gostei de visitar na ilha - Viñales. Esta pequena vila fica na província de Pinar del Río, na zona Oeste de Cuba.

 

Partimos a meio da manhã de Havana em direcção a Viñales num táxi colectivo partilhado com um casal checo que tinha largado tudo para viajar pela América toda. Iriam começar ali mesmo, em Cuba, e tinham tido o mesmo problema que nós no aluguer do carro. Apesar de ter demorado cerca de três horas, foi uma viagem tranquila. Mas assim que começámos a entrar em Viñales percebemos que tínhamos reservado um alojamento a mais ou menos 2km do centro, o que nos assustou um pouco.

 

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Isso passou-nos assim que vimos a beleza natural deste sítio. Viñales fica perto de um vale e é tudo de um verde magnífico. Quanto mais conheço deste mundo, mais percebo que férias na natureza são mesmo o meu tipo de viagem. Ficámos ainda mais confortáveis com a escolha da casa quando a Yamira, a nossa anfitriã, nos recebeu. É que os cubanos são, em geral, um povo muito simpático e afectuoso, mas a Yamira conseguiu ser a melhor de todos eles.

 

Assim que percebeu que não tínhamos almoçado, correu para a cozinha e fez-nos uma sandes maravilhosa com queijo, fiambre e pepino, mais um sumo natural de manga delicioso. Deixou-nos comer com calma e, depois, sentou-se connosco para perceber como podíamos aproveitar ao máximo o pouco tempo que estaríamos por ali. Deu-nos vários conselhos, mostrou-nos um mapa grande de Viñales e, depois desta agradável conversa, fizemos o plano para aquele dia e meio.

 

 

Passeio a Cavalo pelo Valle de Viñales

A Yamira arranjou-nos, logo naquela tarde, um passeio a cavalo pelo vale. Esta volta de aproximadamente três horas incluía uma visita às plantações e produções de tabaco (com charuto incluído!), bem como uma visita às produções de café, mel e rum. E atenção que este mel e este rum são especiais: o mel é produzido por abelhas negras, que vivem debaixo do solo; já o rum - Guayabita del Pinar - é feito com uma espécie de goiaba muito pequena, que fica dentro da garrafa a libertar sabor.

 

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Foi ali que percebemos que, no que diz respeito às plantações de tabaco, 90% é propriedade do Estado e só 10% podem ser vendidos localmente pelos produtores. A maioria das fincas cria uma receita própria, a que chamam de “puros”, com um teor quase insignificante de nicotina. No caso do café e do rum, cerca de 85% da produção pertence ao Estado.

 

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Este passeio a cavalo foi, possivelmente, uma das melhores experiências desta viagem. Quem me conhece bem sabe que tenho algum medo deste animal, mas consegui superá-lo com ajuda do Coco Loco, o cavalo que me calhou.

 

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No regresso a casa, encontrámos a Yamira a preparar-nos o jantar. Foi em casa dela que comi uma das melhores sopas da minha vida - creme de abóbora com queijo - e que tivemos uma noite super tranquila, a aproveitar o ar livre depois de comer. Atenção: se planeiam visitar Viñales, então não podem esquecer-se de levar repelente. Cometemos o erro de não nos protegermos antes do passeio a cavalo e à hora de jantar já estávamos a sofrer com as picadas.

 

 

O que ver em Viñales

No dia seguinte acordámos bem cedo e tínhamos um pequeno-almoço caseiro à nossa espera. O nosso quarto ficava bem perto da cozinha, por isso fomos acordados pelo cheiro a comida - há lá melhor maneira de acordar? O plano para este dia foi traçado, mais uma vez, com a preciosa ajuda da Yamira. Ela aconselhou-nos a apanhar um autocarro turístico (o Viñales Bus Tour), que vai andando pelos principais pontos da zona durante todo o dia. O bilhete custa 5CUC para um dia e podemos entrar e sair as vezes que quisermos.

 

Começámos o passeio na Cueva del Indio, uma caverna onde foram encontradas pinturas rupestres e alguns factos arqueológicos. Lá dentro corre o rio San Vicente e é através deles que saímos, numa pequena lancha. Não é uma caverna gigante, mas é bonita e a saída de barco é engraçada de se fazer.

 

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Depois parámos no Miradouro Los Jazmines, que não só tem uma vista fenomenal sobre o vale, como tem um hotel com uma piscina fenomenal cujo acesso custa apenas 3CUC por pessoa. Ficámos por ali umas três horas a apanhar sol e a refrescar-nos naquela água fresca. Soube-me pela vida e foi o primeiro momento de descanso a sério das férias. Foi também lá que comemos qualquer coisa antes de continuarmos o nosso passeio, mas honestamente a comida não era nada de especial.

 

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Seguimos para o Canopy El Fortín, onde é possível fazer slide. Por erro acabámos por entrar antes noutro sítio, mas não nos arrependemos: é um percurso de trekking muito bonito e com alguma dificuldade, mas que se faz bem e compensa pela vista que se tem. No regresso é possível tomar um sumo natural enquanto apreciamos a paisagem. Só não me consigo lembrar de como se chama ao certo este miradouro, nem consigo encontrar o nome em lado algum!

 

Apanhámos o último autocarro do dia até ao centro de Viñales, que ainda não tínhamos conhecido, com direito a uma paragem para ver o Mural da Pré-história. É uma das principais atracções de Viñales, mas eu achei meio meh. É só um mural pintado com elementos pré-históricos, basta ver de longe e está bom. Quando parámos no centro fomos até ao Parque José Martí, onde estava a haver uma grande festa com música ao vivo e banquinhas de bebida e comida na rua. Foi óptimo estar por lá para apreciar e viver o ambiente daquela vila.

 

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Terminámos este dia estafante com um bom jantar no El Olivo, um restaurante de cozinha mediterrânica que só cozinha com ingredientes biológicos locais. Como o Parque Natural de Viñales está certificado pela UNESCO, os campos de cultivo não são contaminados com pesticidas ou produtos tóxicos o que faz com que a comida tenha muita qualidade.

 

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Aliás, até há bem pouco tempo, a agricultura era a única forma de subsistência de Viñales, mas o turismo veio dar-lhes mais uma fonte de rendimento. Para terem uma ideia: o marido da Yamira é administrador do parque de Viñales e recebe o equivalente a 24CUC por mês, mais ou menos o mesmo valor que cobra por duas noites lá em casa.

 

Como em todo o país, o turismo está a transformar Viñales, mas gosto de acreditar que ainda a conheci autêntica. Já tinham ouvido falar deste destino? Ficaram com vontade de conhecer? Contem-me coisas nos comentários!

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