Vertigens, Valentina Silva Ferreira
Não vou mentir: Vertigens, da Valentina Silva Ferreira, foi um daqueles livros que tive vontade de ler por causa da capa. Bom, na realidade, foi assim: primeiro quis ler por causa da capa, depois li a sinopse e confirmei que seria o meu tipo de livro. Comprei-o há uns meses e só recentemente o li, até porque ando a fazer um espaço consciente nas minhas leituras para mulheres portuguesas.
Vertigens alterna entre o final dos anos 70, onde acompanhamos Ana Clara e Anita Fontoura (duas mulheres condenadas ao isolamento), e umas décadas mais tarde, onde Oti (filha de Anita) entra em cena e conversa com Ana Clara sobre o passado. É através do relato que Ana Clara faz à afilhada que compreendemos como nasceu a dinâmica entre as duas amigas nos anos 70, mas também todas os desafios por que tiveram de passar para serem realmente livres.
Este livro transportou-me até à Madeira, uma ilha que eu conheço relativamente bem, e só por isso já teria valido a pena. Mas também é uma história sobre a importância da amizade feminina, sobre a maneira como as mulheres têm a capacidade única de compreender as coisas mais negras que existem dentro de cada uma de nós. Acrescento apenas que a escrita da Valentina é muito melancólica — o que eu muito aprecio, já sabem —, embora eu tenha sentido, pelo menos às primeiras páginas, que era preciso estar no mood certo para a ler. Não estou a dizer que não devem ler (muito pelo contrário!), mas dou-vos só essa nota para que não desistam desta história.
Fico à espera que me digam se já leram Vertigens ou se faz parte dos vossos planos de leitura no futuro. Acho mesmo que a voz da Valentina tem muito para dar à literatura portuguesa e só posso ficar deste lado à espera de mais!