Transcendent Kingdom, Yaa Gyasi
Yaa Gyasi era uma das autoras que eu queria muito explorar este ano, como mencionei num episódio do Livra-te dedicado à literatura no feminino, por isso decidi escolher Transcendent Kingdom (Reino Transcendente na tradução) para o Clube do Livra-te em Abril. Admito que não sabia muito bem o que esperar, mas bastou-me um capítulo para ficar completamente rendida: à escrita, ao tema e à dinâmica entre as personagens.
Gifty, a personagem principal, está a fazer um doutoramento em Neurociências, com foco na maneira como os circuitos neuronais são afetados em casos de vício e depressão. Pode não parecer a premissa mais interessante do mundo, mas rapidamente compreendemos que ela se interessa por este tema porque isso a faz compreender melhor a mãe, que tem depressão, e o irmão, que era viciado em drogas. O livro leva-nos, então, a conhecer a história desta família, que se mudou do Gana para os Estados Unidos, através da forma como Gifty estuda estes temas e se relaciona com a mãe, que está numa depressão profunda após a morte do filho.
It took me many years to realize that it’s hard to live in this world. I don’t mean the mechanics of living, because for most of us, our hearts will beat, our lungs will take in oxygen, without us doing anything at all to tell them to. For most of us, mechanically, physically, it’s harder to die than it is to live. But still we try to die. We drive too fast down winding roads, we have sex with strangers without wearing protection, we drink, we use drugs. We try to squeeze a little more life out of our lives. It’s natural to want to do that. But to be alive in the world, every day, as we are given more and more and more, as the nature of “what we can handle” changes and our methods for how we handle it change, too, that’s something of a miracle.
Este livro traz-nos também reflexões muito interessantes acerca da dicotomia entre religião e ciência, já que a mãe de Gifty é extremamente religiosa e a Igreja sempre esteve muito presente na educação dos filhos. Será possível que uma mulher das ciências seja também religiosa? Qual é que pode ser o papel da espiritualidade na vida de Gifty, a partir do momento em que decide estudar ciência?
Pela sinopse, parecia que este livro era uma saga familiar mais tradicional — ou seja, achei que iríamos acompanhar as diferentes gerações da família cronologicamente —, mas fiquei muito feliz com as escolhas da autora no que diz respeito à estrutura da narrativa. Acho mesmo que será difícil não gostarem deste livro, mesmo que a vossa experiência não seja semelhante à da personagem principal.
Também acompanharam esta leitura do Clube do Livra-te ou já o tinham lido antes? Se sim, qual é a vossa opinião?
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O que é o Clube do Livra-te?
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