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Rita da Nova

Ter | 04.11.25

The Will of the Many, James Islington

Quem é ela, a ler calhamaços de fantasia? É uma leitora (bem) influenciada pela sua amiga Sofia, que é a convidada de outubro do Clube do Livra-te e que escolheu The Will of the Many (A Vontade de Muitos) para lermos em conjunto. Nem sei bem por onde começar: se pela aventura que foi meter-me nesta história, se pelo que aprendi sobre mim enquanto o lia — talvez o melhor mesmo seja começar pela sinopse, para não se perderem.

 

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Em The Will of the Many estamos numa realidade que está organizada de uma forma diferente: a República Catenana está estruturada numa Hierarquia em forma de pirâmide, na qual a Vontade dos que estão mais abaixo alimenta as camadas mais ricas e poderosas. O nosso protagonista, Vis Solum, é um órfão que vive na cidade de Letens, mas esconde um segredo: ele é o herdeiro de um reino que foi subjugado pela República Catenana. Aquilo que o move torna-se evidente desde as primeiras páginas, já que Vis odeia a Hierarquia e quer encontrar uma forma de vingar o destino da sua terra e da sua família. Aos poucos, e com a ajuda de uma personagem que surge logo no início, Vis começa a infiltrar-se na Hierarquia — acredita que, se trabalhar a partir de dentro, mais facilmente conseguirá cumprir o seu objetivo.

 

Como disse, The Will of the Many é uma aventura; não apenas pela quantidade de acontecimentos, voltas e reviravoltas que acontecem ao longo das páginas, mas principalmente porque é um livro denso e longo, que exige algum comprometimento da parte do leitor. Talvez pessoas que leiam mais habitualmente fantasia consigam entrar com mais facilidade na história e na estrutura desta sociedade que James Islington criou, mas leitores de outros géneros — como eu — vão ter alguma dificuldade. Do meu lado, não houve tantos entraves na parte de construção do mundo, até porque esse foi um dos aspetos que mais me interessou. O que mais dificultou a leitura foi, sem dúvida, eu não ter tido interesse absolutamente nenhum na personagem do Vis. Pareceu-me, desde a primeira página, uma personagem bastante fria e racional, justa e inteligente, corajosa e forte… no fundo, perfeita para cumprir exatamente aquilo a que se propôs, sem quaisquer barreiras.

 

“A fair system only works if there’s an unbiased means of assessing merit. When there is no pride or selfishness involved.” He gives a soft snort, shaking his head. “Which means that fair systems cannot exist where people are involved.”

 

De qualquer modo, gostei bastante da maneira como o autor pensou esta história, como desenhou a Hierarquia e o seu funcionamento, e como tudo isto serviu para falar de desigualdade social, injustiça e vingança. Senti também muita ligação a várias das personagens secundárias, o que me levou a concluir que gosto muito mais de fantasia quando as protagonistas são mulheres ou quando são verdadeiramente underdogs — e talvez tivesse apreciado ainda mais este livro se fosse escrito na terceira pessoa.

 

Se ficaram com vontade de ouvir o episódio em que falamos sobre os livros de outubro, podem fazê-lo aqui:

 

Ainda assim, como já tive oportunidade de partilhar com a Sofia, The Will of the Many é um daqueles casos em que gostei mais da história depois de ter lido o livro, e não tanto durante o processo de leitura. Será que já vos aconteceu também? Se sim, com que livros? Contem-me tudo nos comentários e, já agora, digam-me o que acharam deste livro caso o tenham lido.

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O que é o Clube do Livra-te?

É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, eu e um convidado escolhemos um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha do convidado, a minha escolha ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião nos comentários do episódio de discussão ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!

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