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Rita da Nova

Ter | 08.03.22

The Virgin Suicides, Jeffrey Eugenides

Começo este post com uma confissão: eu nunca tinha lido o The Virgin Suicides, nem sequer tinha visto o filme — e sim, também não sei bem como, já que é claramente o meu tipo de história. Mas bom, já me redimi e peguei neste livro de Jeffrey Eugenides, que comprei na nossa ida mais recente a Edimburgo. E li-o de uma assentada, fica já aqui dito também.

 

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Do autor só tinha lido Middlesex, que adorei, e achei que era tempo de pegar naquela que é, provavelmente, a sua obra mais conhecida. The Virgin Suicides, tal como o nome mais ou menos indica, conta a história das cinco irmãs Lisbon, adolescentes que se suicidam todas no espaço de um ano. O livro é escrito na perspectiva dos rapazes do bairro e da escola, que vivem numa obsessão constante com estas irmãs — tanto previamente aos suicídios como a partir do momento em que a primeira das irmãs, Cecilia, decide tirar a sua própria vida. Na realidade, eles ficam obcecados durante anos, guardam informações, fotografias, recortes de jornais e tantas outras “provas” e vão revisitando os acontecimentos ao longo dos anos.

 

Gostei muito deste narrador colectivo que só sabe aquilo que estes rapazes conseguem ver através das janelas da casa da família Lisbon ou, quando têm sorte, nas raras vezes em que conseguem efectivamente entrar na casa. Além de abordar obviamente o suicídio, o livro fala sobretudo desta incompreensão que existia (e ainda existe) sobre a adolescência no feminino, sobre a descoberta da sexualidade, sobre não nos sentirmos bem dentro de nós mesmas quando passamos por este período das nossas vidas.

 

In the end we had pieces of the puzzle, but no matter how we put them together, gaps remained, oddly shaped emptinesses mapped by what surrounded them, like countries we couldn't name. "All wisdom ends in paradox, said Mr. Buell, just before we left him on our last interview, and we felt he was telling us to forget about the girls, to leave them in the hands of God.

 

Sei que provavelmente não é a praia de toda a gente, até porque é um livro muito difícil de digerir e onde algumas pessoas podem achar que não se passa grande coisa — afinal, sabemos logo no início que as cinco irmãs se vão matar e que não há propriamente uma justificação para tal —, mas eu gostei sobretudo do ponto de vista escolhido, da forma como vamos também percebendo o impacto que os suicídios vão tendo na família, na própria casa, nos vizinhos, no bairro, na escola, na sociedade.

 

It didn't matter in the end how old they had been, or that they were girls, but only that we had loved them, and that they hadn't heard us calling, still do not hear us, up here in the tree house, with our thinning hair and soft bellies, calling them out of those rooms where they went to be alone for all time, alone in suicide, which is deeper than death, and where we will never find the pieces to put them back together.

 

Agora, claro, vou garantir que vejo o filme o quanto antes. Até lá, recomendo que, se ainda não leram, se agarrem a este livro — mas vão por vossa própria conta e risco, que pode não ser bem o vosso género. Quem já leu, o que achou?

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