The Dead Romantics, Ashley Poston
Eu bem sei que começo quase todas as reviews de comédias românticas com o mesmo disclaimer — este não é o meu tipo de livros. Sim, Rita, já percebemos que só lês estas coisas por causa do Clube do Livra-te. Mas, a verdade, é que há comédias românticas e comédias românticas e The Dead Romantics, de Ashley Poston, acabou por até ser uma leitura prazerosa para mim, contrariando todas as expectativas.
Florence Day é uma ghostwriter de livros românticos que consegue ver e falar com fantasmas. Bem sei que parece uma piada forçada, mas tudo faz sentido. Conhecemos a protagonista na aproximação ao prazo de entrega de um manuscrito que não consegue terminar, uma vez que deixou de acreditar no amor. Enquanto navega esta incapacidade de criar um final feliz para as personagens do livro, recebe uma chamada que muda a sua vida: o pai faleceu e terá de ir até à sua terra natal após dez anos de ausência.
A família é dona da funerária da cidade, então o tema do luto e da perda estão bastante presentes ao longo da narrativa. Mais ainda quando, no meio do processo de organização do funeral do pai, Florence vê o fantasma de alguém que conhece e tem de ajudar essa pessoa a fazer as pazes com a morte. Bem sei que parece tudo uma grande baralhada — e a certo ponto, sim, as linhas narrativas confundem-se todas umas com as outras —, mas a escrita de Ashley Poston consegue compensar o facto de a estrutura estar all over the place.
I'd always written how grief was hollow. How it was a vast cavern of nothing.
But I was wrong.
Grief was the exact opposite. It was full and heavy and drowning because it wasn't the absence of everything you lost - it was the combination of it all, your love, your happiness, your bittersweets, wound tight like a knotted ball of yarn.
As personagens secundárias também estão bastante bem construídas, especialmente a mãe e os irmãos de Florence — tirando ali algumas decisões que me irritaram, por serem clichés completamente evitáveis. Algumas vezes tive de me lembrar de que estava a ler uma comédia romântica, que é expectável que esses clichés existam e que é suposto que tudo acabe bem, mas gostava mesmo que este livro tivesse conseguido dar o salto e ter trazido a verdadeira lufada de ar fresco que a premissa meio maluca prometia. Gostei que o interesse amoroso não fosse o centro da narrativa e que se explorassem temas difíceis de uma forma leve (e com algum humor) e, por isso, sei que a autora conseguia tornar este livro ainda melhor.
De qualquer das formas, é uma boa leitura para descansar de livros mais pesados e vou, definitivamente, recomendá-lo a algumas pessoas. Contem-me: já o leram ou planeiam fazê-lo?
----------
O que é o Clube do Livra-te?
É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!