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Rita da Nova

Ter | 22.10.24

Stay True, Hua Hsu

Já desde o final do ano passado que andava curiosa com Stay True (PT: Lealdade), de Hua Hsu. Foi porque vi a tradução para português que fiquei com ele debaixo de olho, mas acabei por ouvir a versão audiolivro porque prefiro sempre esse formato quando são livros de memórias ou não-ficção. No fundo, é como ouvir um podcast ou uma conversa longa.

 

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Embora o foco do livro seja o momento em que Ken, amigo de Hua Hsu, é assassinado na sequência de um assalto a um carro, a narrativa começa largos anos antes, com o objetivo de termos uma noção mais geral de quem é esta pessoa que nos escreve. É filho de imigrantes chineses nos Estados Unidos, que usa a música para se ligar ao que o rodeia e à família; e tornou-se, por consequência disso, um adolescente extremamente ligado às artes, um pouco snob em relação aos gostos dos outros.

 

Faz sentido, então, que a amizade que trava com Ken possa ser definida como improvável: é que Ken representa toda a convencionalidade que Hua Hsu abomina. Ainda assim, os dois acabam por começar a conversar, essas conversas tornam-se longas noites de companheirismo e viagens de carro na costa da Califórnia. Os dois, e o restante grupo de amigos, partilham os sucessos e as humilhações típicos dos tempos universitários. Por toda esta ligação, a morte de Ken é um choque generalizado para todos eles, e Hua Hsu vira-se para a escrita para conseguir lidar com o que aconteceu.

 

At that age, time moves slow. You're eager for something to happen, passing time in parking lots, hands deep in your pockets, trying to figure out where to go next. Life happened elsewhere, it was simply a matter of finding a map that led there. Or maybe, at that age, time moves fast; you're so desperate for action that you forget to remember things as they happen. A day felt like forever, a year was a geological era.

 

Posso dizer que gostei bastante mais do início do livro, dos pensamentos do autor em relação a ser filho de imigrantes nos Estados Unidos, da forma como explorou as origens da sua ligação à música, de poder ver como criou uma identidade baseada em tantos aspetos diferentes. A parte da amizade, porém, não teve tanto impacto emocional em mim — claro que é injusto avaliar aquilo que foi a vida e a experiência de uma pessoa real, mas enquanto leitora senti que o foco deste livro estava muito menos explorado do que todo o contexto inicial que nos é dado.

 

De qualquer das formas, Stay True é uma boa leitura para quem gosta de memoirs, e para quem se interessa sobre todos estes temas relacionados com a forma como construímos a nossa identidade, e o impacto que a arte pode ter nesse processo. Já conheciam este livro?

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