Somebody's Daughter, Ashley C. Ford
Nunca tinha lido (ou ouvido, no caso), um livro que descrevesse tão bem a minha infância e a relação que tive com algumas pessoas da minha família. Até que decidi ouvir Somebody’s Daughter, o livro de memórias de Ashley C. Ford, e dei por mim a ler a minha própria história.
Claro que eu e a autora não temos a mesma história, mas os sentimentos estão todos lá. O livro começa no momento em que Ashley, já adulta, percebe que o pai vai finalmente sair da prisão. Essa notícia espoleta uma série de memórias de infância e Ashley leva-nos a conhecer o lado mais complexo e duro da infância — a relação complicada com a mãe, o apoio da avó, o momento em que entende porque é que o pai está preso, situações de abuso.
I was tempted, as I always am, to take the bait when my mother offers me empathy. Tempted by my fantastical belief that one day I will lower my walls, and she will do the same. Then I end up blaming myself for not remembering to stick to the conversational paths offering the least resistance, furious at myself for veering too far into the unexplored or exiled.
Gostei muito que a autora conseguisse identificar momentos em que ela própria, mesmo enquanto criança e adolescente, fez coisas condenáveis — ela tinha noção de que estava a fazer errado, mas fazia precisamente para causar algum tipo de comoção nas pessoas à sua volta. É um livro muito emocional, muito íntimo, mas eu tenho a certeza de que qualquer pessoa conseguirá desenhar paralelos entre a história de Ashley e a sua.
Acho que também me liguei tanto a estas memórias por ter ouvido o livro, que é narrado pela própria autora. Os momentos em que se emociona ou reage de forma mais efusiva são notórios — e adorei a forma como ela muda a maneira como fala quando quer imitar o que a avó diria, já que é algo muito comum de fazermos quando estamos a falar com alguém.
Claro que podem lê-lo, mas este é um daqueles em que recomendo a 100% a experiência de audiolivro. E agora contem-me: já tinham ouvido falar sobre este livro?