Soão, a taberna asiática
Soão é o vento que sopra do oriente e foi também o nome escolhido pelo novo restaurante asiático de Lisboa. O Soão - Taberna Asiática ocupou o espaço mesmo ao lado do CinemaCity de Alvalade e veio dar ainda mais vida àquela zona. E, devo dizer, ocupou também um lugar especial no meu coração porque me fez verdadeiramente viajar pelo oriente.
À primeira vista não parece, mas o Soão é um restaurante relativamente espaçoso. No andar de cima, por onde se entra, as grandes janelas iluminam o Sushi Bar, onde podemos ver os ingredientes frescos usados na confecção dos pratos. Mas depois, quando nos encaminham para o andar de baixo, a luz vai baixando e o ambiente vai-se tornando cada vez mais intimista. Esta parte do restaurante está dividida em cabines fechadas por uma cortina e com mesas para grupos - foi aqui que ficámos.
Eu sei o que estão a pensar: então e como é que se chamam os empregados? Como a rapariga que nos acompanhou durante todo o almoço nos explicou, basta tocar num interruptor que acende uma luz na parte de fora da cabine, indicando que precisamos de ajuda. O atendimento pronto e prestável é uma constante durante esta viagem pelos sabores asiáticos e começou bem antes de chegarmos ao restaurante. Quando liguei para marcar pediram-me o meu e-mail para me enviarem uma confirmação. Tudo normal até agora, mas quando recebi o dito e-mail fiquei agradavelmente impressionada: para além de explicarem um pouco do conceito do restaurante, mostravam também a lista de cocktails de assinatura para que pudéssemos escolher qual queríamos que estivesse à nossa espera quando chegássemos.
Para além dos cocktails de assinatura do bartender Vasco Martins, no Soão também é possível degustar uma série de chás seleccionados para que combinem bem com as diferentes partes da carta. E se quisermos ir mais longe, é também possível fazer uma Cerimónia do Chá que consiste numa harmonização de chá e whisky com os pratos que formos pedindo. Eu optei por experimentar o Massala Branco Tchai, originário da China, que ia bem com qualquer pedido. O chá branco era aromatizado com canela, gengibre, pimenta preta, cravinho e cardamomo, mas nunca se sobrepôs aos sabores da comida.
Durante o almoço fizemos uma espécie de viagem “maluca” pela Ásia, sem grande regra mas sempre com o intuito de partilhar tudo o que chegava à mesa. Com inspiração japonesa chegaram o Spicy Tuna (rolo de atum marinado picante, espargos e kizami wasabi) e o Gyakumaki (rolo de salmão, abacate e camarão), ambos bons pontos de partida para o que viria a seguir.
A segunda paragem foi na Coreia, porque quando vemos asinhas de frango em qualquer restaurante não conseguimos não pedir. Estas Dakgangjeong eram crocantes e vinham bem cobertas de molho coreano e sementes de sésamo. Eram tenrinhas por dentro e deixaram as mãos e os guardanapos bem sujos, como se quer. Arrisco em dizer que foram as melhores que comi na vida (desculpa, SOI, foste derrotado).
Parámos ainda em Taiwan para provar os Gua Baos. Estes pãezinhos cozidos a vapor são normalmente recheados de carne de porco, mas nós quisemos ir mais longe. Pedimos os de Porco Desfiado (com molho de feijão preto, coentros, pepino e amendoim), mas também pedimos os de Wagyu e Amendoim. Qual deles o mais delicioso? Ainda hoje não sei.
E, por fim, não podíamos deixar de experimentar um prato mais composto - ainda que a dividir por todos. Decidimos fazer check-in na Tailândia para experimentar um clássico: o Pad Thai. Nesta versão, a massa de arroz salteada com ovo, cebola, amendoim, rebentos de soja e tamarindo vinha acompanhada por grandes e deliciosos camarões. Nunca estive na Tailândia, mas este foi um dos melhores pad thai que já comi.
A chegada das sobremesas podia perfeitamente ter sido uma viagem só por si, já que também nos permitiu conhecer iguarias de sítios bem distintos. Da Índia vieram duas: a Samosa de Chocolate e Côco e o Bolo Cremoso de Côco e Caril. Ambas surpreendentes pelas combinações inusitadas e pelo sabor diferente do que estamos habituados. Regressámos também à Tailândia para provar o Gelado de Lemongrass, Gengibre e Manjericão (muito fresco) e à China para nos deliciarmos com o Mantou, um pão chinês com leite condensado.
Se quiserem ter a experiência completa e terminar em grande, não podem deixar de pedir os cafés especiais. Um é 100% arábica, o outro é uma mistura de arábica e robusta, mas a melhor parte é que são feitos em filtro à nossa frente. Vale a pena experimentar!
Eu vou voltar certamente, mais que não seja porque fiquei com o Expresso do Oriente (o menu de degustação) debaixo de olho e quero mesmo muito ter essa experiência. E vocês, ficaram com vontade de abrir as portas a este vento de oeste? Contem-me tudo nos comentários!