Saikō: o melhor sushi de fusão de Lisboa
Sempre preferi sushi tradicional a sushi de fusão: acho os sabores mais simples e genuínos. Pode ser também porque, normalmente, sushi de fusão significa carradas de molhos que eliminam o peixe e o arroz.
Este domingo, depois de mais um Workshop de Escrita Criativa, percebi que tinha esta impressão porque nunca tinha experimentado sushi de fusão como deve ser. O Saikō abriu há cerca de duas semanas na praça de touros do Campo Pequeno, mas não é o primeiro nem o último restaurante com este nome. Há cerca de nove meses surgiu o primeiro, no Estoril, e já há planos para o levar até Madrid e Miami.
Só quem nunca experimentou este sushi é que pode achar que os planos são ambiciosos para um restaurante tão recente. Assim que nos sentámos fizeram questão de nos explicar o que significa Saikō - é uma daquelas refeições em que se come e bebe especialmente bem e em boa companhia. Pareceu-me uma excelente promessa, algo que a comida e o atendimento só vieram comprovar.
A primeira surpresa foi um Gin com fruta caramelizada. Para mim um de maçã, para o Guilherme um de laranja - mesmo não tendo dado nenhuma indicação, acertaram na mouche nos nossos gostos. Para iniciar a refeição apresentaram-nos um Couvert fora do comum. Trazia folhas de endívia com pasta de salmão cozinhado, molho sweet chilli, goma wakame e sésamo.
Deixámo-nos estar nas mãos do staff durante o resto da refeição, algo que gosto sempre de fazer para conhecer os melhores pratos. Para além da simpatia, mostraram um cuidado extremo em apresentar todas as peças de sushi e os ingredientes que as compõem. O primeiro prato foi o Ebi Especial Saikō, com camarão panado envolto em salmão braseado, ovas, micro ervas e molho do Chef. Este salmão desfaz-se assim que o pomos na boca e o molho do Chef é delicioso, mas a receita é secreta. Nós bem perguntámos, mas não conseguimos arrancar esta informação tão confidencial.
O Uramaki Hakusai é uma peça fora do comum, mas muito boa. Leva pasta de salmão, couve lombada, queijo creme, flocos de milho tostados e molho do Chef. Parece uma combinação improvável, eu sei, mas acreditem que é deliciosa.
Passei a noite toda a dizer “tão bonito!” sempre que chegava um novo prato à mesa. O Especial Saikō foi um dos pratos surpreendeu sobretudo pela apresentação e é composto por camarão panado, salmão braseado, maionese japonesa, pepino, ovas cebolinho e molho tarê.
Sabiam que os verdadeiros apreciadores de sushi são apreciadores de gunkan? Perguntaram-nos, quando nos trouxeram as primeiras peças destas para a mesa. Não fazia ideia, mas fiquei muito contente - os gunkans são das minhas peças favoritas e isso concede-me oficialmente o estatuto de Apreciadora de Sushi. Oh yeah! Vieram três tipos diferentes de gunkan para a mesa, cada um melhor que o outro. Conheçam os Hotate (atum, maionese de gengibre, vieiras baseadas, ovas e micro ervas), os Egg (salmão braseado, ovo de cordoniz, cebolinho, molho tarê e ovas) e os Fire que, como o nome indica, vinham mesmo em fogo para a mesa. Eram compostos por salmão, picadinho de salmão com queijo creme, amêndoas laminadas e molho tarê. Foi um prato para comer com todos os sentidos: o fogo apelava à visão, os gunkans ao paladar e o limão a arder com açúcar deixou um cheirinho delicioso pelo ar.
Para finalizar, ainda tivemos espaço no estômago para conhecer o Maki Soft Crab, com caranguejo panado, maionese japonesa, algas wakame, sésamo, ovas e o deslumbrante molho do Chef. O que mais gostei neste prato foi a acidez que contrastou muito bem com o caranguejo.
Se o Saikō me tinha surpreendido até agora, com as maravilhosas criações do Chef Péricles Lacerda, deixou-me completamente K.O. quando vi chegar à mesa um Pijaminha de Sobremesas (adoro esta expressão, por acaso alguém sabe a origem?). Para além dos típicos Gelados de Sésamo e de Chá Verde, provámos dois tipos diferentes de Chizukek (cheesecake), Mousse de Chocolate e Tarte de Lima. Uma combinação pecaminosa para as ancas, mas deliciosa naquele momento.
Para além de todas as coisas boas de que vos falei e mostrei, gostava que tentassem imaginar o ambiente deste jantar: uma sala tranquila, o meu querido Michael Bublé a cantar músicas de Natal (já sabem que adoro) e os pratos com ligeira decoração natalícia. Se a isto juntarmos uma excelente comida, bebida e companhia, temos então a promessa cumprida de uma refeição Saikō.
Já tinham ouvido falar deste restaurante? Se for novidade para vocês, saibam que é mesmo imperdível. Mesmo que não sejam fãs de sushi de fusão, acreditem que vão passar a ser.