Restaurantes // Petisco Saloio
Dir-se-ia que, hoje em dia, não se abrem tascas novas. Mas quem dissesse isso estaria seguramente enganado. O Petisco Saloio, no Campo Pequeno, é a prova viva de que é possível continuar fiel ao conceito de tasca e - mais! -, que é possível que as tascas sejam coisa de gente nova.
O Diogo e o Carlos são as cabeças (e as mãos, já que fazem um pouco de tudo) por detrás deste espaço, que parecendo que não só está aberto há coisa de mês e meio. Digo “parecendo que não” porque a uma segunda-feira à noite estava completamente cheio e já com alguns clientes habituais. Acho que a comida e as pessoas despretensiosas, cujo principal objectivo é fazerem aquilo que gostam, ganham mais rapidamente o coração das pessoas.
As mesinhas e os banquinhos baixos são o primeiro indício que estamos perante pessoas que respeitam a essência de uma tasca, algo que se confirma quando começamos por petiscar aquilo que nos espera na mesa - pão, broa, um paté de atum caseiro e um queijinho curado. Acreditem ou não, eu vivia só disto.
Perguntaram-nos se nos importávamos de provar algumas coisas que só vão entrar na carta na próxima semana, mas que já andam a ser testadas. Na minha humilde opinião, já não é preciso mais testes - pelo menos a julgar pelas Pataniscas de Bacalhau que deram início ao jantar. O grande segredo aqui é a cebola, que é caramelizada antes de se juntar ao bacalhau.
As Moelas também não se estrearam oficialmente no menu, mas fizeram uma aparição em várias mesas durante esta noite e a nossa foi uma delas. Não costumam ser a minha primeira escolha, acho que há petiscos mais interessantes, mas o molho destas estava mesmo mesmo no ponto. E não tinham aquela consistência estranha que, no fundo, é aquilo que mais me apoquenta nas moelas.
Ainda nos petiscos, vieram para a mesa as duas grandes estrelas da casa: o Piano Assado, marinado de um dia para o outro e cozinhado a baixa temperatura durante horas (MA-RA-VI-LHO-SO) e o Choco Frito (I-GUAL-MEN-TE). São mesmo imperdíveis, caso decidam visitar o Petisco Saloio.
Para além dos pratos do dia, que variam consoante o dia da semana, há espaço na carta para doses mais consistentes, como é o caso do Arroz de Gambas. Pode ser pedido em dose individual ou para dois. Nós entusiasmámo-nos de tal forma que pedimos demasiada comida e trouxemos arroz para casa, por isso tenham atenção. Posso só dizer também que estava mesmo no ponto.
Não é que o Petisco Saloio já não me tivesse conquistado com tudo o que disse até agora, mas quando chegámos às sobremesas é que o caso ficou sério. A mãe do Carlos faz o Toucinho do Céu que servem no final das refeições e a mãe do Diogo é a responsável pela receita do Doce da Casa (leite condensado, ganache de chocolate, bolacha e natas). Tal como lhes disse na altura, não vou dizer qual a melhor para não chatear nenhuma das mães, mas ambas terminam perfeitamente bem um almoço ou jantar.
Melhor do que isso só mesmo o abafadinho “da minha terra”, como diz o Diogo. É algo que tentam oferecer a todas as pessoas que passam pelo Petisco Saloio, possivelmente em jeito de manter a boa tradição das tascas portuguesas.
Já tinham ouvido falar deste novo restaurante ou já tiveram a oportunidade de lá ir? Contem-me tudo nos comentários!