Play It As It Lays, Joan Didion
Ler Joan Didion tem sido um hábito relativamente recente na minha jornada de leitora, mas esta foi a primeira vez que me aventurei na ficção escrita pela autora. Confesso que estava com algum receio de não gostar da escrita neste formato ou de não me interessar pela história, já que adoro a forma como fala da sua própria vida — e acho que tem que ver com o facto de ter sido uma mulher tão fascinante.
Compreendi logo, às primeiras páginas, que não havia qualquer motivo para os meus receios. Creio até que a escrita da autora ganhou aqui um certo desprendimento, que pôde ser mais original e ainda mais sardónica porque não estava a falar de si própria, mas de personagens inventadas. Claro que, à boa maneira de Joan Didion, até a ficção é uma crítica à realidade e Play It As It Lays é essencialmente uma crítica à sociedade norte-americana dos anos 1960, sobretudo à falsa ilusão de fama e felicidade que Hollywood promete.
Começamos a acompanhar a história de Maria Wyeth quando tem 31 anos e está num hospital psiquiátrico, e vamos andando para trás e para a frente até compreendermos porque é que lá foi parar. O que lemos de seguida nem sempre é bonito, mas é muito real: tanto Maria como as restantes personagens soam bastante verdadeiras, e são forçadas a tomar decisões difíceis. Mesmo que houvesse uma forma mais fácil ou menos trágica de resolver, isso nem sempre é possível e Joan Didion não poupa as suas personagens ao sofrimento.
I try to live in the now and keep my eye on the hummingbird. I see no one I used to know, but then I’m not just crazy about a lot of people. I mean maybe I was holding all the aces, but what was the game?
Gostei mesmo muito de experimentar a ficção de Joan Didion e, pelo que li nas sinopses, The Last Thing He Wanted (PT: A Última Coisa que Ele Queria) deixou-me muito curiosa. Já o leram? Que outras obras da autora me recomendariam?