Pizza Girl, Jean Kyoung Frazier
Comprei este livro de impulso e li-o da mesma forma: não estava nas leituras planeadas para Março, mas senti que precisava de um intervalo entre tantas histórias passadas no Japão e na Coreia. Embora o meu objectivo fosse ler o máximo de autores asiáticos antes de ir de viagem, não queria que as histórias começassem a misturar-se na minha cabeça.
Peguei em Pizza Girl, de Jean Kyoung Frazier, e devia ter adivinhado que, mesmo não sendo esse o enredo principal, a personagem central é filha de emigrantes coreanos. Tentei fugir, mas não consegui fazê-lo completamente. Falando-vos então da premissa deste livro: em Los Angeles, uma rapariga de 18 anos está grávida e sente-se completamente perdida. A mãe e o namorado estão muito felizes com a gravidez e apoiam-na em tudo, mas nada parece ajudar a que ultrapasse a morte do pai e a surpresa de ter uma criança a caminho. Até ao dia em que, no trabalho, tem de levar uma pizza a uma senhora mais velha, por quem fica completamente obcecada.
Esta obsessão faz com que a protagonista (só sabemos o nome dela mesmo no fim) veja na relação com Jenny — a tal mulher mais velha — a solução para os seus problemas e para a falta de rumo da sua vida. A partir daí, fará uma série de más decisões, o que faz com que este livro tenha uma série de acontecimentos inesperados. Obviamente que não vou dizer quais, porque não quero estragar a leitura a ninguém.
A protagonista não é uma personagem fácil de gostar, mas é possível compreender a razão das suas atitudes. Há momentos de diálogo muito bons e várias observações que misturam humor com tragédia, duas coisas que a autora consegue combinar muito bem. Apesar de não ter ficado presa logo nos primeiros capítulos, fui gostando progressivamente mais até ao fim e recomendo muito a leitura a quem goste de livros centrados no desenvolvimento de personagens.
Também acho que também pode ser uma boa leitura para pessoas que se sintam perdidas na vida, que não saibam muito bem que caminho seguir. Esse é o grande conflito da personagem principal e acredito que toda a gente seja capaz de se identificar — afinal, raras são as pessoas que nunca se sentiram dessa forma. E agora, contem-me: já tinham ouvido falar deste livro?