Pela Bélgica // Dia 1, Bruxelas
Bruxelas nunca tinha ocupado um lugar importante na minha lista de sítios onde ir. Tenho o plano de visitar todos os países da Europa, por isso eventualmente teria de passar pela Bélgica, mas nunca foi uma prioridade. Até que, numa das minhas constantes pesquisas de voos, encontrei uma passagem baratíssima para passar o primeiro fim-de-semana prolongado neste país.
Já que tínhamos três dias completos (fomos quinta à noite e regressámos na segunda-feira bem cedo e a tempo do trabalho), não quisemos ficar apenas por Bruxelas. Dedicámos um dia a conhecer Bruges e outro a conhecer Ghent, mas sobre isso falar-vos-ei nas próximas semanas. Hoje, para além de contar como foi o nosso primeiro dia em Bruxelas, quero transmitir-vos um pouco da vida da cidade.
Como é óbvio, fiz uma pesquisa prévia dos melhores cafés e restaurantes da cidade e o Yeti prendeu-me logo a atenção quando li “cinnamon roll pancakes” no menu. Tinha mesmo que visitar este sítio e foi lá que tomámos o primeiro pequeno-almoço da viagem. Cada um de nós se refastelou com uma pilha de panquecas (as melhores de sempre, juro!) e o Guilherme ainda teve coragem para atacar um iogurte com granola.
E bem que precisámos de comer bem para conseguirmos aguentar o frio que se fazia sentir e que foi uma constante durante todo o fim-de-semana. Não exagero quando digo que nunca senti tanto frio na vida. Mesmo em NYC, onde os termómetros registavam temperaturas mais baixas, achei o frio bem mais suportável.
Uma vez que guardámos apenas um dia completo para conhecer Bruxelas, optámos pela solução habitual de nos inscrevermos na tour grátis dos Sandeman. Faço sempre uma tour destas, mesmo que tenha bastante tempo para conhecer as cidades, porque aprendo coisas e reparo em pormenores que de outra forma me passariam ao lado. Durante cerca de três horas conhecemos os pontos principais do centro histórico e da própria história da cidade e digo-vos uma coisa: não sei como é que há quem ache que Bruxelas é uma cidade feia. Gostei muito da arquitectura, do ambiente da cidade, achei-a imponente sem ser enorme e fascinou-me o facto de ser uma cidade oficialmente bilingue (na Bélgica francês e holandês consoante a zona, mas na capital falam-se as duas).
A visita guiada começou na Grand-Place para percebemos a história Hôtel de Ville de Bruxelles e depois dirigimo-nos para a Bourse de Bruxelles, onde em que estavam a acabar de montar o mercado Plaisirs d’Hiver - um mercado de Natal a que mudaram o nome para ser mais abrangente e inclusivo, já que Bruxelas é uma das cidades com maior percentagem de habitantes estrangeiros do mundo.
O Manneken Pis - ou a estátua do menino a fazer xixi - é considerado um dos monumentos mais desapontantes do mundo, mas para mim foi uma das maiores surpresas da viagem. Não pela estátua em si, que é mínima, mas pela tradição de mascarar e vestir o menino para assinalar datas importantes. Têm até um calendário oficial para coordenar estas activações. Neste dia celebrava-se o Dia Mundial da Luta Contra a Sida, por isso o Manneken Pis estava transformado em… preservativo.
A tour continuou pelas Galeries Royales Saint-Hubert, um espaço lindíssimo e cheio de lojas de chocolates - uma das pérolas deste país. Aliás, diria até que não apenas este espaço em particular, mas toda a cidade de Bruxelas cheira a um misto de waffles e chocolate. Conhecemos um pouco da história das pralines e percebemos quais as melhores lojas para comprar bombons.
Na segunda parte da visita guiada conhecemos a parte mais alta da cidade, muito embora seja sempre muito plana. É lá que se localiza a Cathédrale Saints-Michel-et-Gudule, um excelente exemplo de arquitectura gótica, o Parc de Bruxelles, o Palais Royale, a Place Royale e, para finalizar, o Mont des Arts. Este último local foi um dos meus favoritos, sobretudo por ser mais amplo e pela vista que se tem para a zona histórica da cidade.
Depois de três horas a andar, o nosso estômago já se tinha esquecido das maravilhosas panquecas do pequeno-almoço, por isso procurámos o Baogo, um restaurante especializado em hambúrgueres servidos em bao buns. Eu pedi um de salmão e o Guilherme optou pelo de pulled pork, ambos acompanhados por batatas doces fritas. Os hambúrgueres eram mais aspecto do que outra coisa, mas as batatas estavam divinais. Os belgas não mentem quando dizem que sabem fazer batatas fritas, malta!
Nesta altura do ano, o sol põe-se por volta das 16h30, por isso quando acabámos de almoçar já nos sobrava pouco tempo de luz natural. Assim sendo, decidimos explorar o Le Sablon, um bairro muito simpático situado perto do Mont des Arts. A caminho visitamos a versão feminina do Manneken Pis, a Jeanneke Pis.
Decidimos terminar o dia no Centre Belge de la Bande Dessinée, um museu dedicado a toda a história belga relacionada com banda desenhada. E são incontáveis as histórias e personagens que nasceram neste pequeno país: não apenas o Tintim, mas também o Spirou, o Lucky Luke, o Gaston Lagaffe ou os Estrunfes, para nomear alguns dos mais conhecidos. A banda desenhada é um património muito importante para a Bélgica, ao ponto de as ruas da capital estarem cheias de murais que a celebram.
Embora tivesse uma lista de restaurantes que queria muito conhecer - Bruxelas é uma das cidades com maior concentração de restaurantes por metro quadrado -, estávamos tão cansados que decidimos comprar qualquer coisa e comer no quarto. O voo da noite anterior tinha-se atrasado bastante e chegámos às 4h da manhã ao apartamento em que ficámos, por isso decidimos dar o dia por encerrado para descansarmos o suficiente. No dia seguinte conhecemos Bruges, mas sobre isso falo-vos brevemente.
Por enquanto, digam-me: já foram a Bruxelas? Gostaram ou nem por isso? Contem-me tudo nos comentários!