Palavras Cruzadas // O que realmente trazemos das viagens
As minhas últimas viagens têm tido todas uma coisa em comum - a diferença cultural. Faz sentido que assim seja: depois de conhecer quase toda a Europa, os restantes países do mundo vão sempre parecer mais exóticos. As regras da convivência em sociedade vão mudando mais e mais à medida que nos afastamos das fronteiras europeias e isso é muito interessante de verificar.
Cheguei há pouco tempo da Rússia, onde a parte mais difícil - para mim - foi ler a expressão corporal das pessoas. Eles são tão sérios e contraídos, que é difícil perceber se estão a concordar convosco porque já não vos podem ouvir ou se estão realmente interessados no que vocês têm para dizer. É raro ver um russo a sorrir - quanto muito sorriem. Mas depois percebi que são muito sarcásticos e têm um humor negro muito próprio, o que pode ajudar a explicar a forma como lidam com as coisas.
Em Madagáscar, por exemplo, o choque teve muito mais a ver com a higiene e o uso do espaço público comum. Já em Cuba, o que mais me impressionou foi a forma como as pessoas encaram a ascensão social e as carreiras profissionais. Na Argentina, a minha atenção ficou na expansividade das pessoas e na forma como são tão próximas de pessoas que conheceram há 10 minutos.
Quando penso nestes exemplos, percebo rapidamente que é isto que trazemos para a vida - as formas diferentes de viver em conjunto. Melhor ainda se pudermos e conseguirmos incorporar nas nossas vidas algumas mudanças positivas como consequência das viagens que fizemos.
No futuro, e por falar em choques culturais, gostava muito de ir ao Japão, ao Vietname e a São Tomé. Acho que também trarei muitas aprendizagens na bagagem. Quanto à Índia - o país da diferença cultural por excelência - ainda tenho mixed feelings. E vocês, onde sentiram mais este choque e onde planeiam ir no futuro para ver formas alternativas de viver?
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Este é o 36º post da rubrica Palavras Cruzadas, criada em parceria com o P.A., mas vocês também estão mais do que à vontade para pegar nos temas e escrever sobre eles. O tema deste texto foi lançado por mim (nota-se, certo) e isso significa que para a próxima edição estou nas mãos dele. Corram ao blog dele para ver qual o tema que me calhou na rifa!