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Rita da Nova

Sex | 21.02.25

Out on a Limb, Hannah Bonam-Young

Out on a Limb (PT: Parte de Nós), de Hannah Bonam-Young, tem sido muito falado pelas redes nos últimos tempos. Encontrei várias reviews que falavam desta comédia romântica como sendo bastante refrescante e diferente do habitual. Quando a Joana o escolheu para o Clube do Livra-te de fevereiro, parti para a leitura com muita vontade de gostar — confesso, no entanto, que esta publicação não traz boas notícias.

 

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Só para vos explicar em que é que consiste, antes de discorrer: Win e Bo, ambos portadores de deficiência física, conhecem-se numa festa de Halloween, e têm uma one-night stand. Desse encontro, resulta uma gravidez não planeada. Win e Bo decidem ter a criança, e tudo corre bem. Fim. Sei que normalmente, quando não gosto de um livro, exagero para efeitos cómicos, mas aqui é mesmo isto que acontece. Dá-se uma total ausência de conflito ou tensão entre estas duas personagens: decidem logo ir morar juntas, fazem logo tudo uma pela outra; e as dúvidas, que seriam mais do que naturais, são afastadas quase de imediato.

 

Também sei que, na maioria das vezes, os livros deste género exageram precisamente na tensão — há falhas de comunicação desnecessárias, quezílias ridículas, mal entendidos que poderiam ser facilmente resolvidos. E, por isso mesmo, estava expectante em relação a Out on a Limb: estas personagens têm, de facto, motivos para que as dificuldades sejam evidentes e façam sentido para a história, não apenas pela deficiência física e tudo o que isso acarreta, mas também porque são duas pessoas que não se conhecem e dão por si unidas por uma gravidez. Numa história que tinha tudo para justificar o conflito, e para o construir de forma humana, nada disso aconteceu.

 

Óbvio que a representatividade de pessoas com deficiência é mais do que bem-vinda e faz todo o sentido que exista, mas até me pareceu que a autora não fez justiça às personagens e àquilo que têm de ultrapassar. Compreendo que queira dar uma visão humana da vida destas pessoas, mas, pelo menos para mim, ao não lhes dar qualquer obstáculo, fez precisamente o contrário.

 

Percebo perfeitamente porque é que é um favorito do momento, e que seja uma boa leitura para quando as pessoas precisam de desligar o cérebro. Ainda assim, acho que o hype é completamente injustificado e que não há propriamente uma história aqui. As histórias existem precisamente porque há conflito, seja interno ou externo, e porque os protagonistas precisam de ultrapassar barreiras que são postas à sua frente. Aqui, não houve barreiras, tensão ou sequer — e isto é o que me enerva mais — um teste de paternidade.

 

Contas feitas, fiquei sem vontade de ler qualquer outra coisa da autora. Sei que vou estar MUITO sozinha na minha opinião, mas fica a pergunta na mesma: já o leram? Se sim, o que acharam?

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O que é o Clube do Livra-te?

É o clube do livro do podcast Livra-te — calma, não precisam de acompanhar o podcast para participar nas leituras. Todos os meses, cada uma de nós escolhe um livro para ler em conjunto convosco e vocês podem optar por ler a escolha da Joana, a escolha da Rita ou ambas. Depois, podem deixar a vossa opinião no grupo do Goodreads ou no Discord. Podem juntar-se a qualquer altura, venham daí!