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Rita da Nova

Seg | 30.04.18

Os livros da Rita // Call Me By Your Name, André Aciman

Ao contrário do que costuma acontecer, vi primeiro o filme e só depois li o livro. A história de Call Me By Your Name estava a ser tão falada por alturas dos Óscares, que foi impossível ter tempo para ler antes. E sabem que mais? Ainda bem que isso aconteceu. Gostei mesmo muito do filme, tanto que fiquei com vontade que o livro me desse ainda mais informação sobre aquelas personagens e o seu interior.

 

Concordo que o filme tem algumas falhas, sendo que a principal é o facto de não haver conflito. Parece que corre sempre tudo demasiado bem (o que, como sabemos, raramente é verdade no caso da homossexualidade, ainda para mais nos anos 80). Mas também vos digo que não me fez muita confusão, porque é um filme essencialmente bonito - tanto na estética como na escrita.

 

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O livro vem colmatar isto e fá-lo porque é escrito na primeira pessoa. A história é vista através dos olhos de Elio, filho de um professor universitário que todos os verões recebe um aluno na sua casa em Itália. Em geral a narrativa acontece da mesma forma no livro e no filme: Elio e Oliver, o aluno desse ano, apaixonam-se e vivem um amor curto mas intenso. Um amor lindíssimo, na minha opinião. Para Elio, adolescente, esta história de amor corresponde também ao despertar para a vida sexual.

 

A grande vantagem do livro é que podemos acompanhar de perto o conflito interior desta personagem. Um conflito que já é comum quando alguém se apaixona pela primeira vez, mas que toma proporções maiores quando essa paixão se dirige a alguém do mesmo sexo.

 

He was going to be a difficult neighbor. Better stay away from him, I thought. To think that I had almost fallen for the skin of his hands, his chest, his feet that had never touched a rough surface in their existence-and his eyes, which, when their other, kinder gaze fell on you, came like the miracle of the Resurrection. You could never stare long enough but needed to keep staring to find out why you couldn't.

 

Não sei se é a história bonita que influencia a escrita, se é o facto de o livro estar extremamente bem escrito que faz com que a narrativa seja lindíssima. Possivelmente as duas coisas andam de mãos dadas e ainda bem. É uma forma sublime de falar de temas já tão falados, não apenas da homossexualidade ou dos primeiros amores, mas sobretudo da forma como nos fundimos com a outra pessoa quando amamos.

 

The light of my eyes, I said, light of my eyes, light of the world, that's what you are, light of my life. I didn't know what light of my eyes meant, and part of me wondered where on earth had I fished out such claptrap, but it was nonsense like this that brought tears now, tears I wished to down in his pillow, soak in his bathing suit, tears I wanted him to touch with the tip of his tongue and make sorrow go away. 

I stopped for a second. If you remember everything, I wanted to say, and if you are really like me, then before you leave tomorrow, or when you’re just ready to shut the door of the taxi and have already said goodbye to everyone else and there’s not a thing left to say in this life, then, just this once, turn to me, even in jest, or as an afterthought, which would have meant everything to me when we were together, and, as you did back then, look me in the face, hold my gaze, and call me by your name.

 

Como sempre - e porque não vos quero estragar a experiência de leitura - não vou falar muito mais sobre o enredo. Vou resumir a minha opinião da seguinte forma: se gostaram do filme, vão amar o livro. Se não gostaram assim tanto do filme, então o livro vai certamente dar-vos aquilo de que sentiram falta.

 

Quem desse lado já viu o filme, leu o livro ou ambos? Partilhem comigo a vossa opinião!

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Call Me By Your Name por André Aciman

Avaliação: 9/10

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