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Rita da Nova

Qui | 10.01.19

Os livros da Rita // Americanah, Chimamanda Ngozi Adichie

Começar o ano e o desafio Uma Dúzia de Livros com uma empreitada de 700 páginas chamada Americanah, escrito pela Chimamanda Ngozi Adichie. É um dos livros mais conhecidos da autora e, apesar de ser enorme, tem muito presente uma das características que mais gosto nela - a capacidade de escrever sobre temas complexos e cheios de emoção de forma leve e cativante.

 

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Americanah é, na sua essência, um livro sobre raça e sobre o que esta palavra pode significar consoante o local do mundo em que nos encontramos. Mas à medida que vamos mergulhando nas páginas e ficando presos na narrativa, torna-se nítido que é sobre uma variedade de outros temas. Nele, a autora fala-nos de feminismo, de identidade, de aceitação própria, de amores de uma vida.

 

Ifemelu não queria saber de pernas elegantes exibidas em minissaias - era seguro e fácil, afinal, mostrar pernas que o mundo aprovava - mas a atitude da mulher gorda tinha a ver com a convicção calma que uma pessoa partilhava apenas consigo própria, uma sensação do que estava certo e que os outros não conseguiam ver.

 

Falando-vos um pouco do que podem esperar sem trazer spoilers e estragar a experiência de leitura: neste livro, Chimamanda conta-nos a história de Ifemelu, uma nigeriana que emigra para os Estados Unidos da América numa altura em que o seu próprio país está a passar por uma ditadura que a impede de prosseguir com os estudos na universidade. Para trás deixa Obinze, o seu namorado, esperando que se junte a ela brevemente.

 

Mais de uma década depois, Ifemelu decide - num impulso - voltar para a Nigéria. Vende a casa que tem, encerra o blog sobre questões raciais que mantinha como emprego e é aí que começamos a saber pormenores do seu percurso pela América, sobre a forma como só ali se apercebeu das questões de raça e como as ultrapassou.

 

Porque é que, escreveu ele a Ifemelu, os nossos funerais se tornam tão rapidamente sobre coisas que não têm a ver com a pessoa que morreu? Porque é que as pessoas da terra esperam por uma morte para se desforrarem de agravos passados, reais e imaginários, e porque é que roem até ao osso na tentativa de exigir o que acham que lhes é devido?

 

É uma leitura muito cativante (reparem: li este livro em mais ou menos dez dias!) e fiquei com vontade de explorar mais as outras histórias que a autora tem para contar. Como já vos tinha dito acima, achei uma forma muito diferente de tratar a questão do racismo na escrita. Embora tenha uma mensagem muito poderosa, a Chimamanda consegue passá-la de forma poética, subtil e bastante bonita.

 

Quem desse lado é fã desta escritora? Eu estou a tornar-me mais e mais a cada coisa que leio. E as vossas leituras para o tema de Janeiro d’Uma Dúzia de Livros, que tal vão?

 

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Americanah by Chimamanda Ngozi Adichie

Avaliação: 8,5/10

Semelhante a: Born a Crime, Trevor Noah e I Know Why the Caged Bird Sings, Maya Angelou

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