Os livros da Rita // A Morte do Comendador (I), Haruki Murakami
Depois de algum (bastante) tempo sem ler nada de Murakami, um dos meus autores favoritos, decidi dar uma oportunidade à sua mais recente obra - A Morte do Comendador -, que conta dois volumes. Falo-vos hoje apenas do primeiro livro, para o qual - confesso - me falhou muitas vezes a vontade de ler.
A história é muito Murakami, uma vez que é de um realismo mágico quase imperceptível. O autor conta-nos como um retratista recém-divorciado se muda para uma casa do meio das montanhas, onde costumava morar um outro pintor. Lá, descobre um quadro que o deixa curioso (chamado “A Morte do Comendador”) e começa a ouvir um sino a tocar ao longe todas as noites à mesma hora. Tudo isto acontece enquanto é contratado para pintar o retrato de um vizinho, que é rico.
Acontecem outras coisas do mundo da fantasia e outras bem reais no meio do enredo, mas o que vos descrevi é suficiente para saberem o que esperar. Já vos falei muito de Murakami e sou sempre defensora da forma como mistura os dois mundos, mas neste caso não consegui mesmo ficar convencida. São 400 páginas em que a narrativa demora muito a desenrolar-se e é descritivo em coisas mundanas e óbvias.
Acredito também que a tradução seja um dos principais problemas deste livro, já de si recheado de algumas frases feitas que não fazem sentido na forma como Murakami costuma escrever. Frases tão portuguesas como “nunca te vi mais gordo” ou “vender o seu peixe” caem muito mal no estilo do autor.
Bem sei que tinha dito que iria ler o segundo volume, a propósito do tema de Fevereiro d’Uma Dúzia de Livros, mas não sei se vou conseguir sujeitar-me a mais um livro assim. Então, Murakami, o que se passa?
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A Morte do Comendador por Haruki Murakami
Avaliação: 5/10
Semelhante a: 1Q84, do mesmo autor.