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Rita da Nova

Qui | 16.12.21

On Earth We're Briefly Gorgeous, Ocean Vuong

Levei meses a ouvir que On Earth We're Briefly Gorgeous era mesmo o meu tipo de livro e, à medida que via coisas sobre ele no Instagram ou no TikTok, convencia-me cada vez mais de que iria amar. E não é que, ao contrário do que acontece quando elevamos demasiado as expectativas, amei mesmo?

 

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Comecei a lê-lo no aeroporto de Edimburgo, no regresso para casa, e ao fim de duas páginas virei-me para o Guilherme e disse: "este livro vai destruir-me". Outra suspeita que se revelou bastante acertada. É que este livro é tão bonito, afinal Ocean Vuong começou por escrever poesia, que consegue trazer-nos os temas mais tristes sem nunca perdermos a vontade de continuar a ler.

 

I am thinking of beauty again, how some things are hunted because we have deemed them beautiful. If, relative to the history of our planet, an individual life is so short, a blink, as they say, then to be gorgeous, even from the day you're born to the day you die, is to be gorgeous only briefly.

 

On Earth We're Briefly Gorgeous é uma carta de um filho à sua mãe vietnamita que não sabe ler, muito menos em inglês. Mas Little Dog também sabe pouco de vietnamita, sabe pouco da vida da sua mãe e da sua avó no Vietname antes de partirem para os Estados Unidos. Esta carta é uma tentativa de desbravar um desconhecimento mútuo — ao mesmo tempo que conta episódios da sua vida à mãe, explicando-lhe como percebeu que era homossexual ou como começou a consumir drogas, Little Dog tenta também recuperar todas as histórias que lhe foram sendo contadas pelas matriarcas da família.

 

Esta carta não é linear, anda entre passado, presente e até futuro, quase como se acompanhássemos o momento em que este narrador se lembra das coisas, faz associações na sua cabeça e decide pô-las no papel. Não se deixem demover pela confusão aparente da narrativa — diria até que é importante que se deixem levar por ela e por esta escrita tão poética.

 

Sei que está traduzido para português pela Relógio d'Água (Na Terra Somos Brevemente Magníficos) e, tendo sido uma das minhas leituras favoritas deste ano, só posso recomendar que se agarrem a este livro em que língua for.

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