O Talho ou "como o Chef Kiko nunca desilude"
O Chef Kiko e os seus restaurantes. Por muitas voltas que demos e restaurantes que conheçamos, acabamos sempre por voltar. E como o Guilherme nunca tinha estado n’O Talho, achei que levá-lo lá seria uma excelente forma de celebrar o 31º aniversário dele.
Já vos falei muito sobre a forma como encaro o meu próprio aniversário, mas o caso muda de figura quando alguém de quem gosto muito faz anos. Começo num excitex gigante uns dias antes, gosto de preparar surpresas e proporcionar boas experiências - gastronómicas sobretudo. Por isso, embora o Guilherme só fizesse anos na terça-feira, decidimos começar as celebrações na segunda com um jantar neste icónico restaurante do Chef Kiko.
Eu já lá tinha estado há uns anos, mas confesso que gostei mais desta vez. O que eu gosto neste restaurante é que se nota claramente a influência que as viagens tiveram no trabalho do Chef. Se os outros restaurantes dele têm um tema muito específico, neste caso a carne poderia ter resultado numa comida muito mais tradicional e indiferenciada. Mas o Chef Kiko é o Chef Kiko e eu já lhe teci elogios suficientes quando vos falei d’O Watt.
Contando-vos então como foi esta noite: especial como são todos os jantes com ele, seja uma sopa no sofá ou uma experiência gastronónica xpto. É claro que a comida ajudou e começámos especialmente bem, com o Gin “O Talho”, aromatizado com alecrim e lima. Vimo-lo a ser preparado enquanto passeávamos pelo talho. Sim, um talho mesmo, onde podem comprar carne bastante boa e algumas das iguarias que depois são preparadas no restaurante, que fica mesmo ao lado.
Uma das especialidades que encontram em ambos os espaços são os Croquetes de Cozido à Portuguesa (carnes do cozido, hortelã e maionese de chouriço). Tínhamos visto que estavam à venda para levar para casa e não resistimos a pedir como entrada. Para além disso, quisemos também experimentar os Mini Burgers de Maminha (rosbife, pão brioche, escabeche de cebola roxa, gel de soja e wasabi). Não é que estes últimos não estivessem bons - estavam e muito -, mas os croquetes foram uma grande surpresa e estavam deliciosos.
É engraçado como os pratos que escolhemos num restaurante reflectem aquilo que somos. É que os nossos pedidos n’O Talho dizem muito sobre nós: eu olhei para a carta e soube imediatamente que queria o Borrego Tandoori (lombo e perna de borrego, chutney, pão naan, iogurte e lentilhas), uma carne de que nem toda a gente gosta, mas que aqui muito bem confeccionada e aromatizada. Já o Guilherme escolheu o Beijinho Coreano (beijinho estufado, almôndega de soja e arroz, cogumelo orelha de judas, sésamo e kimchi) sem saber muito bem do que se tratava, mas bastou uma troca de palavras com a empregada para ficar convencido. E ele que me perdoe, mas foi um dos melhores beijinhos que já tive a oportunidade de provar.
Ao início íamos pedir apenas uma sobremesa para partilhar, mas eu sempre ouvi dizer: em caso de indecisão, pede-se tudo. Bom tudo não, mas aquilo que mais nos salta à vista. Neste caso, o Queijo de Cabra, Coco e Tamarindo (pudim que queijo de cabra, gel de tamarindo, frutas tropicais e gelado de coco) e o Mil Folhas de Doce de Leite (mousse de doce de leite, abacate marinado em pisco e sorvete de limão). São ambas menos doces do que parece - e ainda bem -, mas a primeira foi a que mais me surpreendeu pela combinação de texturas e sabores.
Nunca tive uma má experiência nos restaurantes do Chef Kiko e fiquei a saber, neste jantar, que ele tem um novo projecto no Oceanário de Lisboa que vou certamente querer conhecer. Para além desse só me falta mesmo conhecer O Poké, na Gourmet Experience do El Corte Inglés. E vocês, conhecem o trabalho do Chef? De que restaurantes dele gostam mais?