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Rita da Nova

Qua | 15.07.20

O Jogo do Anjo, Carlos Ruiz Zafón

No dia 19 de Junho deste ano dissemos adeus a Carlos Ruiz Zafón, um dos meus escritores favoritos de sempre e um dos primeiros que me fez acreditar que os livros contêm uma magia muito própria - não só os dele (claro!) mas sobretudo os dele. Soube imediatamente que só havia uma forma de um manter vivo um pouco mais: relendo a sua obra. Foi então que decidi voltar a embarcar na viagem que é ler a saga Cemitério dos Livros Esquecidos - desta vez quis lê-los por ordem cronológica da narrativa e não pela ordem do lançamento dos livros.

 

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É importante que saibam que estes quatro livros são independentes uns dos outros, mas fazem parte do mesmo universo e, no seu conjunto, contam uma história completa. Mas podem perfeitamente lê-los na ordem que bem vos apetecer. Seguindo a ordem cronológica dos acontecimentos - como estou a fazer agora - devem começar por O Jogo do Anjo, que nos leva à Barcelona dos anos 20. É aí que conhecemos Daniel Martín, escritor em potência que recebe uma proposta irrecusável de Andreas Corelli - um homem estranho (que em tudo se parece com o Diabo).

 

Um escritor nunca esquece a primeira vez em que aceita algumas moedas ou um elogio em troca de uma história. Nunca esquece a primeira vez em que sente o doce veneno da vaidade no sangue e começa a acreditar que, se conseguir disfarçar sua falta de talento, o sonho da literatura será capaz de garantir um teto sobre sua cabeça, um prato quente no final do dia e aquilo que mais deseja: seu nome impresso num miserável pedaço de papel que certamente vai viver mais do que ele. Um escritor está condenado a recordar esse momento porque, a partir daí, ele está perdido e sua alma já tem um preço.

 

Martín efectivamente faz um pacto com este homem, mas aquilo que ganha (embora não tenha preço) parece não compensar. Ao mesmo tempo, vive um amor impossível e percebe que se meteu por um caminho misterioso, onde parece que a história se repete e que pode sair-lhe bem caro.

 

Dos quatro livros que compõem a saga, este é aquele que menos se relaciona directamente com a narrativa central dos Sempere, da livraria e do Cemitério dos Livros Esquecidos, mas acaba por dar um contexto muito maior que nos permite compreender melhor os livros seguintes. Adorei a experiência de reler este livro em particular - li-o pela primeira vez enquanto fazia Erasmus em Turim e lembrava-me de muito pouco. Tinha a sensação de que não tinha gostado tanto como do primeiro a ser lançado (A Sombra do Vento), mas agora que leio com outros olhos e por outra ordem, fique agradavelmente surpreendida com o livro e com a releitura.

 

Entretanto falar-vos-ei dos restantes livros e de como foi voltar a pegar neles. No momento em que vos escrevo já vou no último - O Labirinto dos Espíritos - o único que ainda não tinha lido. Por enquanto, contem-me: há fãs de Zafón por aí? Se sim, qual o vosso favorito desta saga?

 

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O Jogo do Anjo por Carlos Ruiz Zafón

Avaliação: 8,5/10

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