My Name is Lucy Barton, Elizabeth Strout
Se ouvem o Livra-te, já sabem que vêm aí vários conteúdos sobre as livrarias que visitei em Edimburgo e os livros que comprei por lá. Aliás: quem é que está aqui há tempo suficiente para conhecer o meu roteiro de livrarias de Edimburgo? Posso garantir que brevemente haverá um novo post semelhante, mas, para já, quero falar-vos de um dos livros que comprei e li logo lá — porque uma pessoa não tem autocontrolo, não é?
Já tinha ouvido falar muito dos livros da Elizabeth Strout, mas ainda não me tinha aventurado. Depois de uma visita prolongada à Waterstones, dei com esta edição bonitinha de My Name is Lucy Barton e achei que seria a altura indicada para começar — suspeita que se confirmou quando li a sinopse.
Lucy Barton fica internada durante várias semanas num hospital em Nova Iorque, depois de uma operação que teve algumas complicações. Como William, o marido, não consegue estar em hospitais durante muito tempo, acaba por pedir à mãe de Lucy que fique a tomar conta dela. A única questão é que as duas não se vêem nem se falam há anos, por isso estas visitas ficam pautadas por todas as coisas que ficaram por dizer entre mãe e filha.
Lonely was the first flavor I had tasted in my life, and it was always there, hidden inside the crevices of my mouth, reminding me.
As conversas entre as duas transportam-nos para a a infância e adolescência de Lucy, em Amgash no Illinois, onde vamos percebendo as consequências da falta de carinho e ligação com a família. Acompanhamos também as escolhas de vida da personagem principal, desde a mudança para Nova Iorque e as tentativas de fazer uma carreira na escrita.
A voz desta personagem, a sua inocência e timidez, foram o que mais gostei no livro — porque apesar de ainda bastante receptiva ao que a vida tem para si, vai-nos desvendando todas as coisas mais complicadas que lhe aconteceram de uma forma muito humana. Porém, se gostam de leituras com um enredo com mais acção, em que as coisas vão acontecendo até culminar num clímax, então talvez este livro não seja ideal para vocês. É mais sobre a dinâmica entre mãe e filha, bem como as memórias que partilham e que encaram de forma diferente, do que propriamente sobre um acontecimento.
It interests me how we find ways to feel superior to another person, another group of people. It happens everywhere, and all the time. Whatever we call it, I think it’s the lowest part of who we are, this need to find someone else to put down.
Embora tenha gostado muito, não sei se vou continuar com os restantes livros desta trilogia (Anything is Possible e Oh, William!) ou se dou uma oportunidade a Olive Kitteridge. Quem já leu coisas da autora, o que recomendaria?