Malina, Ingeborg Bachmann
«No início não percebi nada, e no final acabei como comecei.» Uso esta frase algumas vezes para descrever leituras, e aqui não podia fugir-lhe. Malina, de Ingeborg Bachmann, foi o livro que a minha amiga Pat me emprestou em abril (🫰), visto que o tema das nossas trocas de livros era «Women’s Stories», no sentido de explorarmos narrativas que se centrassem na experiência de ser mulher.
Nunca tinha ouvido falar deste livro ou desta autora, e por isso fiquei com muita curiosidade em ver o que trazia. Malina é a história de uma mulher dividia entre dois homens, Ivan e Malina, e o próprio livro está dividido dessa forma: são três partes, cada uma com uma estrutura e estilo narrativo diferente. Na primeira parte, a protagonista está com Ivan, a certa altura tem um episódio depressivo, e passa a terceira parte com Malina — embora, na realidade, este homem seja uma espécie de presença constante, mesmo quando não está a participar na ação do livro.
O livro começa com várias reflexões sobre o tempo, e a forma como a protagonista o perceciona, e isso dá-nos logo o mote para aquilo que podemos esperar de Malina: um livro onde nem sempre conseguimos perceber o que é real e o que é fruto da imaginação desta personagem que acompanhamos. É o livro perfeito para quem gosta de pensamentos existencialistas e de histórias estranhas — é normal que não percebam grande coisa do que se está a passar, mas vão acompanhando pelas vibes e está tudo certo.
Não sei se fiquei com vontade de ler mais coisas da autora, mas não posso dizer que tenha sido uma má experiência. Acho que, se gostaram de livros como A Bell Jar ou as obras de Clarice Lispector, há potencial de gostarem deste. Alguém desse lado já tinha ouvido falar dele?