Madame Bovary, Gustave Flaubert
Andava desde pequena para ler Madame Bovary, de Gustave Flaubert, e posso dizer que, finalmente, ataquei este clássico tão consensual. É considerado o “romance dos romances”, no sentido em que foi a grande estreia dentro dos romances realistas.
Sabia pouco do enredo, só conhecia a célebre frase do autor, que disse “Madame Bovary sou eu” quando foi levado a julgamento pelo livro. Em resumo, conta a história de Emma, uma rapariga do campo com educação religiosa, que vê na literatura uma forma de escapar à cultura tacanha do sítio onde nasceu. O casamento com Charles Bovary, médico, é a oportunidade perfeita para sair desse ambiente, mas Madame Bovary rapidamente percebe que a vida de casada não é como os livros contam.
Emma acreditava que as coisas não podiam continuar a ser as mesmas em lugares diferentes, e como a vida que vivera até ali tinha sido má, a que restava para viver seria decerto melhor.
Rapidamente percebemos que tudo a aborrece — até ser mãe ou ter amantes são caminhos sem fim, que só conseguem dar-lhe alguma felicidade provisória. Efectivamente, a personagem da Madame Bovary é muito diferente da forma como os homens escreviam mulheres nessa altura — é, aliás, bastante mais aproximada das protagonistas de escritoras como a Jane Austen ou as irmãs Brontë.
Não estava à espera de uma escrita tão actual, o que me surpreendeu. Os temas também continuam muito actuais, com bastante crítica social ao clero e à burguesia, escritos de uma forma bastante engraçada. Claro que não é uma leitura tão fluida como a dos livros contemporâneos que costumo ler, mas sem dúvida que valeu a pena voltar aos clássicos com Madame Bovary.
Também já leram este? O que acharam? E, já agora, quais são os vossos clássicos favoritos?