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Rita da Nova

Ter | 10.08.21

Know My Name, Chanel Miller

Então não é que continuo nesta mistura bonita entre audiolivros, e-books e livros físicos? O último ano tem sido muito bom para explorar novas formas de ler e de consumir histórias – o Kobo trouxe-me primeiro os livros em formato digital e, agora, em formato áudio. Já tinha partilhado convosco que tenho alguma dificuldade em ler não-ficção, mas que estou a adorar ouvir esse género de livros, e é nesse registo que tenho continuado. 

 

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Know My Name, de Chanel Miller, estava na minha lista há muito tempo. Cheguei até a oferecê-lo como prenda de Natal antes mesmo de o ler, porque algo me dizia que valia mesmo a pena. Nele, a autora conta a história de como foi encontrada inconsciente perto de uma festa no campus de Stanford, sem se lembrar do que aconteceu. Contudo, as autoridades explicam que poderá ter sido molestada sexualmente por um dos alunos, Brock Turner. 

 

Seguem-se exames médicos invasivos e longos meses de julgamento, enquanto a própria Chanel tenta compreender o que lhe aconteceu e reconciliar-se com a nova identidade que tem – Emily Doe, uma vítima. Quando, no final do primeiro julgamento, Turner é sentenciado apenas com seis meses, Chanel volta a lutar e escreve uma carta emocionante publicada no BuzzFeed, que rapidamente se torna viral e inspirou outras mulheres a contar a sua própria história. 

 

I survived because I remained soft, because I listened, because I wrote. Because I huddled close to my truth, protected it like a tiny flame in a terrible storm. Hold up your head when the tears come, when you are mocked, insulted, questioned, threatened, when they tell you you are nothing, when your body is reduced to openings. The journey will be longer than you imagined, trauma will find you again and again. Do not become the ones who hurt you. Stay tender with your power. Never fight to injure, fight to uplift. Fight because you know that in this life, you deserve safety, joy, and freedom. Fight because it is your life. Not anyone else’s. I did it, I am here. Looking back, all the ones who doubted or hurt or nearly conquered me faded away, and I am the only one standing. So now, the time has come. I dust myself off, and go on.

 

Além de relatos sobre todo o desenvolvimento judicial do caso, a autora reflete bastante sobre o que é ser considerado uma vítima, sobre o que é viver com vergonha e no anonimato, o que é ter necessidade de isolamento quando a nossa vida e intimidade estão a ser julgadas publicamente. É um livro difícil de ler (e de ouvir), não pela forma como está escrito, mas por ser tão pessoal, por nos trazer tanta visibilidade sobre o que é sofrer abuso sexual e tentar ter justiça num mundo que está feito para dar o benefício da dúvida aos abusadores e não às vítimas. 

 

Tal como já tinha acontecido com Becoming, de Michelle Obama, este audiolivro também é narrado pela própria autora, o que lhe confere uma carga ainda mais íntima. Aliás, houve momentos em que ela claramente se emocionou enquanto lia, algo que me teria passado completamente ao lado caso tivesse lido a versão escrita. Segundo sei, ainda não está editado em português, mas já tinham ouvido falar deste livro? 

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