Kitchen, Banana Yoshimoto
Sabem aquela coisa super portuguesa de as cozinhas serem o local favorito das pessoas para passar tempo? Pelos vistos, este amor à cozinha enquanto espaço e às memórias que ela nos traz, não é uma coisa só nossa — em Kitchen, Banana Yoshimoto usa o poder desta divisão como ponto de partida para uma história bem maior.
Na realidade, este livro é o conjunto de dois contos — Kitchen e Moonlight Shadow —, mas o primeiro foi o que mais me prendeu desde a primeira frase. Nesta história, conhecemos Mikage, recentemente sozinha no mundo, já que a avó, a única pessoa que ainda tinha, faleceu. As primeiras páginas detalham o luto e divagam um pouco sobre o que acontece quando ficamos sozinhos. Depois disso, Mikage reencontra o amigo Yoichi, que a convida para viver com ele e com a mãe durante algum tempo.
When was it I realized that, on this truly dark and solitary path we all walk, the only way we can light is our own? Although I was raised with love, I was always lonely. Someday, without fail, everyone will disappear, scattered into the blackness of time.
A escrita de Banana Yoshimoto é muito minimalista, parece relatar apenas eventos da vida comum, mas fá-lo com momentos realmente poéticos e bonitos. Ambos os contos tratam formas diferentes de perder e de nos curarmos dessas perdas através do amor dos outros. Claro que, se não estão muito habituados a ler autores japoneses, talvez a escrita custe um pouco a entrar ao início, mas prometo que vale muito a pena.
Embora seja um livro muito pequeno, Kitchen é daqueles para ler com calma, para sentir que conseguimos absorver tudo o que as frases nos querem passar. Andei à procura e acho que este livro em específico não está traduzido, mas há outros da mesma autora em português. Já tinham ouvido falar sobre ela?