Just Like You, Nick Hornby
Just Like You, de Nick Hornby, andou um pouco pelos blogues, Instagrams e TikToks de leitura desta vida e eu fiquei logo com ele debaixo de olho - vou ser honesta e admitir que esta capa linda também contribuiu muito. Comparei os preços em todo o lado e acabou por me ficar mais barato na Fnac, por isso comprei-o e pu-lo à frente de todos os outros que tinha para ler. Também vos acontece ter uma vontade súbita de ler algo e saberem que, se não for naquele momento, mais tarde já não vos vai apetecer?
Mas avançando, eu tinha adorado o High Fidelity e algumas adaptações de livros de Nick Hornby para filme - High Fidelity, About a Boy e Juliet, Naked são alguns dos que me lembro agora. Estava com as expectativas elevadas para este livro e, confesso, não me encheu as medidas. Acho que se lê muito bem, atenção, só não acho que seja uma história à altura de outras que o autor já criou.
Em Just Like You acompanhamos a relação de amor entre Lucy (branca, 42 anos) e Joseph (negro, 22 anos). Gostei muito da temática central, mas acho que poderia ter sido explorada de forma diferente. [Atenção spoilers!] A certa altura ninguém parece ficar propriamente chocado por eles estarem juntos - nem as pessoas do lado dela, nem as pessoas do lado dele. Mas vamos lá ver, na vida real há sempre alguém que é contra nestas situações e eu gostava de ter sentido mais isso no livro.
“But is it enough?” Lucy kept asking herself. “Enough for what?” she answered. The answer always came quickly too, as if she wanted to shut down all doubts. She was happy, in a bubble, and the only reason to pop it was on the grounds that bubbles were not real life. But bubbles made life tolerable, and the trick was to blow as many as possible. There were new-baby bubbles, and honeymoon bubbles, and success-at-work bubbles, and new-friends bubbles, and great-holiday bubbles, and even tiny T.V.-series bubbles, dinner bubbles, party bubbles. They all burst without intervention, and then it was a matter of getting through to the next one. Life hadn’t been fizzy for a while. It had been hard.
Outra questão que me apoquentou um bocadinho tem a ver com a forma como o autor tentou encaixar outras duas temáticas no livro: o das relações inter-raciais e toda a situação do referendo a propósito do Brexit. Mais uma vez, senti que nenhum destes temas foi abordado da melhor forma e, a certa altura, deu-me mesmo a impressão que o autor queria mesmo enfiar ali todos estes temas fracturantes numa só narrativa.
De qualquer das formas, houve outras coisas que adorei: a escrita de Nick Hornby continua a ser incrível, com a capacidade de explorar ideias e sentimentos complexos de forma simples e muito relacionável. E os dois filhos de Lucy - estas duas crianças são provavelmente as personagens mais bem construídas do livro, com um sentido de humor incrível. Quem acompanha o trabalho do autor sabe que ele tem sempre uma relação especial com a música e acaba por explorá-la bem nas narrativas, por isso gostei de ver aqui um esforço por modernizar esta abordagem (Joseph quer ser DJ e isso obrigou o autor a falar de um estilo musical diferente).
Em resumo, não é um livro imperdível, mas também não é de ignorar. Não vos posso recomendar que vão a correr lê-lo, porque certamente haverá outros melhores por aí, mas se tiverem curiosidade em relação ao autor, este pode ser um bom ponto de partida. Já tinham ouvido falar deste livro ou de Nick Hornby?