Joan Is Okay, Weike Wang
Há livros que surgem do nada, livros de que nunca tínhamos ouvido falar, mas nos interessam vá-se lá saber porquê. Com Joan Is Okay, de Weike Wang, aconteceu isso mesmo: encontrei-o junto a outros livros com desconto na The American Book Center, em Amesterdão — gostei da capa e do título, gostei que fosse barato e trouxe-o comigo. Acabei por lê-lo quase todo na viagem de regresso e posso dizer que gostei bastante.
Joan está na casa dos trinta e é directora da Unidade de Cuidados Intensivos de um hospital em Nova Iorque. É filha de imigrantes chineses, mas não mantem uma relação muito próxima com a família porque é workaholic e, fora do trabalho, prefere estar sozinha. Porém, quando o pai morre, vê-se forçada a uma aproximação — não apenas da mãe, que regressa da China, mas também com o irmão.
A daughter of immigrants is the daughter of guests, is a part-time guest herself, and the best kind of guest goes with the flow. She stays in a guesthouse.
A morte do pai é apenas o primeiro de vários acontecimentos que vêm interferir na ordem que Joan estabeleceu para si mesma. O mais interessante neste livro é precisamente isso: como é que esta personagem, esta anti-heroína, reage às mudanças e desafios que vão surgindo. Tem muitas reflexões interessantes sobre vários temas — como o luto, a solidão, como é crescer enquanto filha de imigrantes ou o que é verdadeiramente ser filha de alguém —, sempre com uma escrita bastante acessível e mutíssimo engraçada.
Não conhecia a autora, mas fiquei cheia de vontade de ler mais coisas dela porque adorei o sarcasmo que imprimiu à personagem e à história. Aliás, sinto que foi isso que fez com que gostasse tanto de ler este livro. Termina mais ou menos quando a pandemia da COVID-19 começa, o que também mostra o quão actual é. Ultimamente tem calhado ler alguns livros que se focam em pandemias e senti que este me dava uma perspectiva diferente, já que a personagem principal é médica.
Acho que ainda não está traduzida para português, mas sei que o livro Chemistry também teve uma boa recepção e talvez o acrescente à minha lista. E vocês, já conheciam Joan Is Okay?