Giovanni's Room, James Baldwin
Se Giovanni’s Room, de James Baldwin, já estava na minha lista de livros para ler, posso garantir-vos que subiu muito nas prioridades depois de ter lido Swimming in the Dark, de Tomasz Jedrowski — até agora, um dos meus favoritos deste ano, sobre o qual já vos falei aqui pelo blog.
Sabia que este livro era um clássico dos romances LGBTQ+ e também sabia que se passava em Paris, mas, tirando isso, parti para a leitura completamente às cegas. Também nunca tinha lido nada de James Baldwin — uma falha, eu sei —, por isso não tinha quaisquer referências da escrita dele. Posso dizer que compreendo perfeitamente porque é que este livro é tão bem falado: tem um estilo de escrita muito particular e James Baldwin faz-nos gostar de personagens que são maioritariamente detestáveis.
Em termos de enredo, Giovanni’s Room é relativamente simples: conta, na primeira pessoa, a história de David, um americano em Paris, que conhece o italiano Giovanni num período em que está longe da namorada Hella. Basta estarem juntos uma vez para ser difícil separarem-se, então David ocupa o quarto de Giovanni durante algum tempo. Porém, a relação torna-se cada vez mais claustrofóbica e as decisões tomadas por David acabam por ter impacto em várias personagens.
The beast which Giovanni had awakened in me would never go to sleep again; but one day I would not be with Giovanni anymore. And would I then, like all the others, find myself turning and following all kinds of boys down God knows what dark avenues, into what dark places?
Mais do que explorar o nascimento de uma relação homossexual, este livro centra-se no dilema interior de David — não apenas porque continua apaixonado por Hella, mas porque à época não era assim tão bem visto que dois homens estivessem juntos, nem em Paris, onde tudo sempre foi um pouco mais liberal. Gostei muito da forma como o quarto de Giovanni não é apenas um espaço em que a história se desenrola, é quase uma personagem do livro — representando a claustrofobia que alguém tão dividido pode sentir.
Fico muito feliz por ter trazido este livro da minha viagem a Nova Iorque, porque consegui mesmo conectar-me com ele e não gorou as minhas expectativas. Já leram este livro? Se sim, o que acharam?