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Rita da Nova

Ter | 07.02.23

Felix Ever After, Kacen Callender

Felix Ever After, de Kacen Callender, foi o resultado de um blind date with a book que comprei na Strand, em Nova Iorque, sabendo perfeitamente, pela sinopse, que seria este livro. Como o tinha há imenso tempo debaixo de olho, na altura achei que fazia todo o sentido apostar nele, mas depois foi ficando perdido na pilha até que a Elga me disse que iria lê-lo no seu Desafio 2023 e eu decidi pegar no exemplo dela como motivação.

 

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Ao longo destas páginas conhecemos Felix Love que, apesar do nome, nunca esteve apaixonado. Mais do que ser difícil encontrar alguém por quem possa apaixonar-se, sente que é discriminado por ser quem é: um rapaz trans, negro e queer. Felix é super orgulhoso da sua identidade e não a esconde, mas vê a sua confiança abalada quando alguém afixa mensagens transfóbicas no curso de verão que frequenta. Quando começa a delinear um plano perfeito para descobrir quem está por detrás destas mensagens de ódio, Felix descobre muito mais do que apenas um culpado.

 

It can be easier, sometimes, to choose to love someone you know won't return your feelings. At least you know how that will end. It's easier to accept hurt and pain, sometimes, than love and acceptance. It's the real, loving relationships that can be the scariest.

 

Devorei este livro num dia, não apenas pelo facto de a escrita ser muito acessível, mas sobretudo porque adorei a forma como o autor criou um grupo de personagens e um contexto onde diferentes identidades e formas de amar são a norma — embora não deixe de haver casos de discriminação e agressão entre essas pessoas. O autor nunca precisou de explicar que Felix é uma pessoa trans, nem de definir que é ser trans: bastou contar a história do ponto de vista deste adolescente em busca de amor e aceitação, quer por parte de um par romântico, quer por parte da família e amigos.

 

Felix ensina-nos (ou pelo menos recorda-nos) que a nossa identidade não tem de ser uma coisa fixa, que pode ir sendo definida ao longo do tempo ou que pode, inclusivamente, nunca obedecer a etiquetas e nomenclaturas definidas.

 

Tudo isto ganha uma dimensão ainda mais emocional e intimista quando, no final, compreendemos que o próprio autor demorou bastante tempo a encontrar uma identidade com que se sentisse confortável. Não sei quanto a vocês, mas os livros ganham sempre um significado especial para mim quando percebo de onde vêm. Já conheciam este livro?

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