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Rita da Nova

Seg | 29.10.18

Dia Mundial da Psoríase

Lembro-me, como se fosse hoje, do momento em que me diagnosticaram psoríase. Já era mais ou menos de esperar que tivesse alguma patologia dermatológica, já que eu saio ao meu pai em (quase) tudo e nisto também não deveria ser diferente. Eu não sabia sequer o que significava a palavra “psoríase” e, muito menos, que seria constante na minha vida a partir daquele dia.

 

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É a doença dos três nãos, disse-me o médico. Não mata, não se transmite e não tem cura. Os dois primeiros “nãos” foram óptimas notícias, o último nem por isso - mas, honestamente, aprende-se a viver com isto. Dentro de todas as possibilidades, eu tive mesmo muita sorte. Começou por aparecer no couro cabeludo (onde ainda hoje é mais forte), depois junto aos cotovelos e, recentemente, nas pernas.

 

O que é, afinal, a psoríase?

Talvez nem toda a gente saiba o que é, por isso vou explicar-vos exactamente da forma como o médico me explicou há 15 anos. Basicamente, é uma doença crónica auto-imune, que faz com que as células da pele se reproduzam de forma acelerada. É por isso que a pele escama: para dar origem à nova que está com demasiada pressa para nascer.

 

Embora haja uma predisposição genética para alguém ter psoríase, a verdade é que é normalmente desencadeada por algum acontecimento (stress, frio ou calor extremos, reacção a medicamentos ou doenças, etc). Há quem ache que ter psoríase é só ter pele a escamar (eu própria achava isso), mas está provado que a psoríase tem relação com outras doenças cardiovasculares, dos intestinos ou até psicológicas. Existe até artrite psoriática, um tipo de psoríase que causa dores nas articulações e ligamentos.

 

Como vos disse, o meu cenário não é assim tão mau. A minha psoríase é bastante escondida e, regra geral, consigo controlá-la bem. O caso muda de figura quando passo por momentos de stress ou ansiedade. Não se manifesta logo, parece que fica à espera que eu resolva o problema para depois regressar em força.

 

Se vocês soubessem o quão abalada me deixa. Fico irritada comigo mesma por ter a pele a escamar - logo eu, que gosto tanto de me vestir de preto e fico com as camisolas cheias de pintinhas brancas. Bem sei que a maioria das pessoas nem sequer repara, mas não deixo de me sentir na merda. E, acreditem, é normal que quem tenha psoríase se sinta assim, com a auto-estima abalada, e que tenha pouca vontade de sair de casa. Dá comichões, a pele fica demasiado sensível e nós ficamos ainda mais.

 

Há já bastante tempo que queria falar-vos desta doença, sabem? Pensei em fazê-lo no regresso da lua-de-mel a Madagáscar, quando tive um dos piores surtos de psoríase de que me recordo. De cada vez que se agrava tenho vontade de partilhar convosco o que é viver com uma pele apressada, cujas células querem nascer quando as outras ainda não morreram, mas acaba sempre por cair no esquecimento. Hoje, porém, é Dia Mundial da Psoríase e achei que era altura de colocar este post cá fora.

 

Se me estão a ler e sofrem de psoríase, um grande abraço para vocês. Se não sofrem, dêem um abracinho a alguém que tenha. Não tenham medo, como eu disse a doença não é contagiosa.

 

[A fotografia deste post é da autoria da Ana Marta. Fiz com ela uma sessão para a Cool Cousin, mas brevemente vou revelar-vos tudo sobre isso.]

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