Dia do Livro // Estante Cápsula
Não celebro muitas efemérides, mas seria impossível passar ao lado deste Dia Mundial do Livro, já que os livros são uma parte tão fundamental da minha vida (parece que ainda mais nos dias que vivemos actualmente). Já houve um ano em que entrei no desafio da Sofia a propósito deste dia e este ano é altura de participar no desafio criado pela Andreia, chamado Estante Cápsula.
As regras são simples, mas o desafio é mais complicado do que parece. Imaginado que mudava de casa e a minha estante só tinha espaço para 4 autores e 3 livros, quais escolheria? Andei aqui às voltas durante algum tempo, mas lá me consegui decidir e “bloquear a resposta” nesta selecção:
4 autores: Afonso Cruz, Haruki Murakami, Dulce Maria Cardoso & Sally Rooney
O meu racional foi um bocadinho batoteiro, mas pensei no seguinte: se escolher autores que ainda estão vivos e/ou têm uma bibliografia extensa, poderia ir lendo as suas obras e ter sempre coisas com que me entreter. Por isso escolhi dois autores portugueses que adoro (Afonso Cruz e Dulce Maria Cardoso) e dois estrangeiros (Murakami e Sally Rooney). Há aqui um bocadinho de tudo, mas tentei sempre que fossem autores que gosto, claro, mas também que pudessem continuar a escrever - a Sally Rooney, por exemplo, está bastante em início de carreira e sei que vai dar ainda que falar.
3 livros: A Little Life, A Sombra do Vento & Lolita
Ok, aqui foi bastante mais complicado. O A Little Life, da Hanya Yanagihara, entrou na estante e nunca mais saiu porque foi mesmo um dos livros que mais me marcou na vida - para além de que a capa é linda e leva-me directamente para Nova Iorque. Depois disso, andei às voltas - põe livro, tira livro, volta a por livro - e enfim, cheguei lá. Escolhi também A Sombra do Vento, de Carlos Ruiz Zafón, e Lolita, do Vladimir Nabokov.
Estes três livros marcaram-me de formas diferentes e em fases diferentes da vida. A Sombra do Vento reforçou o meu amor aos livros e fez-me ter a certeza de que queria tê-los sempre por perto na vida. O A Little Life mostrou-me a beleza que há na tristeza e lembrou-me a importância dos episódios traumáticos para fazer de nós quem somos. E, por fim, o Lolita foi o primeiro livro a fazer-me duvidar da minha moralidade e a ver o lado pouco visto das histórias.
Para além destes quatro autores e três livros, ainda há espaço na minha estante cápsula para responder a algumas perguntas muito engraçadas - que, no fundo, só pretendem mostrar o tipo de pessoa que somos no que toca a livros:
> Para acompanhar a leitura… Nada! Preciso de concentração absoluta para ler, mas só em determinados momentos. Se estiver a andar de transportes, na praia ou numa esplanada, consigo concentrar-me sem problemas. Se estiver em casa, preciso de silêncio absoluto. Em ambos os casos, é raro estar a comer ou a beber algo enquanto leio.
> Sublinhar livros? O quê? NÃO! NUNCA! Prefiro fotografar as frases de que gostei e apontar num caderno mais tarde.
> Uma personagem para tomar café? Miss Marple, que para mim é - de longe - a melhor protagonista criada pela Agatha Christie. Aparentemente meio baralhada, tem uma capacidade mental incrível e acho que iria ser muito interessante conversar com ela.
> Team marcador de livro ou qualquer coisa serve para marcar a página? Algo no meio: não uso marcadores, mas também não acredito que qualquer coisa sirva. Vou mudando muito e uso normalmente coisas com significado: bilhetes de concertos ou espectáculos, entradas em museus ou atracções em viagem, post-its ou notas que alguém me deixou.
> Um livro para reler? Toda a colecção do Cemitério dos Livros Esquecidos, do Zafón, da qual faz parte o incrível A Sombra do Vento, de que vos falei aqui.
> Um livro que vos acompanha da infância? O incontornável Diário de Anne Frank. Foi um dos primeiros livros que me fez apaixonar pela leitura e perceber que ler não é sempre uma forma de entretenimento - às vezes pode também servir para nos deixar desconfortáveis e ver coisas que nunca tínhamos visto antes. Está nos meus planos relê-lo este ano, a propósito d’ Uma Dúzia de Livros.
> Na mesa de cabeceira tenho… De momento estou a ler A Morte do Pai, de Karl Ove Knausgård. O primeiro de seis livros muito íntimos, sobre a vida do autor e sobre como as relações familiares o afectaram e o tornaram no homem que é hoje.
Percebi uma série de coisas engraçadas enquanto preparava este desafio. Por exemplo: tenho muitos mais livros do Murakami do que achava (não estão todos na fotografia) e vou mesmo precisar de usar esta quarentena para organizar os livros que tenho nalguma ordem específica. Mudámos para esta casa há pouco mais de um ano e, na altura, basicamente atirámos os livros sem ordem para as estantes, mas dei por mim a perceber que não faço ideia onde estão os meus livros, tenho sempre que procurar imenso.
Por isso, vou ali pôr mãos à obra e no entretanto quero saber qual seria a vossa resposta a este desafio! Vamos lá falar sobre livros, especialmente hoje 💜