Dear Edward, Ann Napolitano
Não é segredo para ninguém que me apaixonei pela escrita de Ann Napolitano quando li Hello Beautiful (PT: Olá, Linda). Tornou-se facilmente a minha leitura favorita do ano passado — e um dos livros da minha vida —, pelo que soube que queria ler mais coisas da autora. Foi por isso que escolhi Dear Edward (PT: Querido Edward) para o Clube do Livra-te de agosto e, adianto já, não desiludiu.
Este livro conta a história de Edward Adler, um rapaz de doze anos que é o único sobrevivente de um desastre de avião. O rapaz passa a ser visto como um milagre e tem de lidar com tudo o que lhe acontece: o facto de toda a gente saber quem ele é, o desastre que o seu cérebro teima em reprimir, o luto dos pais e do irmão que iam consigo no avião, as histórias de todas as outras vítimas. Acompanhamos duas linhas temporais: a do dia do acidente, em que observamos os passageiros desde o momento em que entram no avião até à queda, e a do pós-acidente, em que Edward vai morar com os tios maternos e tem de aprender a viver.
Vi várias reviews que diziam que Dear Edward não está ao nível de Hello Beautiful, que foi escrito depois, mas eu acho que são duas histórias tão distintas, que é injusto fazer esta comparação. Até porque a sensibilidade da autora está presente nos dois livros, e isso parece-me algo que não se aprende nem se treina, creio que foi algo que nasceu com ela — e que se nota na maneira como escolhe relatar-nos as vidas das suas personagens. É isso que podem esperar neste livro: uma empatia e uma sensibilidade enormes, que nos fazem estar ao lado das personagens, sofrer com e por elas, mesmo quando não concordamos com as coisas que dizem ou fazem.
There was no reason for what happened to you, Eddie. You could have died; you just didn’t. It was dumb luck. Nobody chose you for anything. Which means, truly, that you can do anything.
E por falar em personagens, não posso terminar esta opinião sem dizer que, mais uma vez, senti que a autora foi capaz de lhes conferir uma carga humana brutal. Como consequência desse trabalho, ler Dear Edward não é apenas ler sobre o rapaz de doze anos que sobreviveu ou sobre as quase duas centenas de passageiros que perderam a vida, é dar destaque a várias outras personagens que, não sendo protagonistas, ganham um papel de destaque nos nossos corações de leitores (Shay, estou a olhar para ti).
Em suma: adorei este livro e tenho a certeza que a maior parte de vós também vai gostar muito de o ler. Só não recomendo a pessoas que têm medo de andar de avião — eu não tenho e tremi um pouco por dentro com a descrição do desastre e do que o provocou. E vocês, entraram nesta leitura conjunta connosco? Se sim, o que acharam?
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