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Rita da Nova

Ter | 27.02.18

Cuba: o que saber

Chegou o momento de começar a falar-vos da viagem a Cuba. Sim, será apenas o início: há tanta coisa para vos contar, tantas histórias para recordar e tantos conselhos para dar. Passei apenas nove dias em Cuba e, se soubesse, teria tentado estar mais tempo. Em nove dias não deu para ver a parte este da ilha, onde há Santa Clara, Sanctis Spiritus, Santiago de Cuba, Baracoa e Guantánamo.

 

Mas foi suficiente para perceber que é um país ideal para qualquer tipo de férias. Querem um destino de praia? Vão a Cuba. Preferem um destino de natureza? Vão a Cuba. Preferem uma viagem com uma grande vertente histórica e cultural? Vão a Cuba. É uma ilha relativamente pequena, mas suficientemente grande e diversa para agradar a toda a gente.

 

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Como já vos tinha dito, pesquisei pouco e planeei ainda menos esta viagem. Por um lado, sei que devia ter-me informado um bocadinho mais sobre algumas coisas. Por outro, sei que mesmo que o tivesse feito, muito iria fugir do meu controlo. Seja como for, hoje gostava de partilhar convosco algumas das coisas que acho essencial saberem antes de partirem para Cuba - isto já assumindo que esta viagem vai entrar directamente para a vossa wishlist.

 

1. Pontualidade e organização? Esqueçam.

O primeiro ponto tem exactamente a ver com o facto de estarem preparados para que nada corra como planeado. Vamos lá ver: Cuba é um país da América Central, do mais latino e relaxado que há, por isso dificilmente vão encontrar grande pontualidade e organização. Começa logo no aeroporto: as nossas malas demoraram cerca de duas horas a chegar ao tapete, tanto que achávamos que as tinham perdido. Se marcarem um táxi, é muito provável que chegue uma hora depois do combinado. Formam-se filas à porta de quase todos os serviços e raramente são ordenadas. E assim sucessivamente. Mas não se preocupem, porque mesmo que pareça que tudo leva uma eternidade, a verdade é que tudo acontece. Só leva o seu tempo, um tempo que é muito próprio de Cuba e que o país nos ensina a respeitar aos poucos.

 

 

2. Segurança

Chegar de noite a uma cidade como Havana pode assustar, dada a falta de iluminação, o estado devoluto de maioria dos edifícios e a quantidade de lixo e sujidade que encontram na rua. Esta primeira impressão não joga com uma das primeiras coisas que os cubanos vão fazer questão de vos dizer: “Cuba é um país muito seguro”. É que os vossos olhos vêem uma coisa e os vossos ouvidos ouvem outra completamente oposta, mas neste caso podem confiar à vontade. Não houve nenhum momento em que me tivesse sentido insegura nem ameaçada, até porque os cubanos são o povo mais positivo e altruísta que alguma vez conheci.

 

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3. Money, money, money

Acho que não é novidade para ninguém que Cuba é um país muito pobre e isso poderia fazer-nos deduzir que é tudo muito barato. A minha conclusão é: depende. Primeiro que tudo, precisam de saber que neste país há duas moedas: os CUP (pesos cubanos usados pelos locais) e os CUC (pesos convertíveis usados sobretudo por turistas). O que eu senti é que a existência de duas moedas acaba por acentuar em muito as diferenças entre a Cuba dos cubanos e a Cuba dos turistas. Enquanto visitante não achei que a vida fosse cara, mas é incrível pensar que uma viagem de táxi que para nós custa cerca de 20€, para os cubanos com trabalho relativamente qualificado equivale muitas vezes a um ordenado.

 

Falando de coisas mais práticas, dificilmente irão mexer em CUP e saibam que 1 CUC equivale a cerca de 0,80€. Existem até bastantes casas de câmbio (as CADECA) nas principais cidades e, como pertencem ao estado, obedecem todas ao mesmo valor de câmbio diário (mesmo no aeroporto). Também nos alertaram para pequenas falcatruas com as duas notas: aparentemente há estabelecimentos em que vocês pagam em CUC e vos dão troco em CUP, por isso confirmem sempre que as notas que vos deram dizem “pesos convertíveis”, para não serem enganados.

 

 

4. Transportes

A nossa ideia inicial era alugar um carro para nos deslocarmos entre sítios, mas aconselharam-nos a fazê-lo presencialmente e não online. Só que, quando chegámos, percebemos que não havia um único carro para alugar em Havana (rever ponto 1). E ainda bem, porque as estradas são péssimas, há poucas sinalizações e indicações de caminho e nem sempre há gasolina nas bombas. Teria sido mesmo muito complicado andar de carro pela ilha.

 

Apesar de parecer estranho, as alternativas que existem funcionam muito melhor. Existem autocarros Via Azul (normalmente apenas um ou dois por dia para cada destino), que cobrem os principais pontos do país, mas nós acabámos por nunca utilizar. As boleias também são muito normais entre cubanos e vê-se gente à beira da estrada a acenar com dinheiro para garantir um lugarzinho num carro. Nós andámos sempre de colectivo, basicamente um táxi que é partilhado com outros turistas que têm o mesmo destino e que nos vieram buscar e deixaram sempre nas moradas que indicámos. Para além de ser bastante barato - normalmente custa o mesmo que os autocarros Via Azul -, é mais confortável e mais rápido.

 

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5. Alojamento

A ligeira abertura de Cuba ao resto do mundo traduz-se essencialmente numa maior abertura ao turismo e a todas as plataformas que o potenciam. Se antes o sistema de arrendamento de quartos nas Casas Particulares vivia por si, agora também já é possível encontrar e marcar estes alojamentos através do Airbnb. Foi assim que reservei estadia nos três sítios em que dormimos: Havana, Viñales e Cienfuegos. Se na capital tínhamos um apartamento só para nós, durante o resto da viagem optámos por alugar quartos em casas de locais. Eu não tinha noção, mas quem arrenda quartos é obrigado, por lei, a garantir uma casa-de-banho privativa para cada quarto.

 

É uma excelente oportunidade de ficar em casas tipicamente cubanas e contactar mais de perto com este povo, que é tão maravilhoso e hospitaleiro. Não é só uma alternativa muito económica, é sobretudo a melhor coisa que podem fazer se quiserem tirar o maior proveito da vossa estadia. Os donos das casas foram sempre incansáveis connosco: deram-nos as melhores dicas e marcaram colectivos, actividades e tours por nós. Acreditem, vão ser os vossos melhores amigos durante a viagem a Cuba.

 

 

6. Wi-fi

Sim, já começam a existir pontos de wi-fi em Cuba, apesar de todo o tráfego ser controlado pelo Governo. Todo o acesso à internet é pago e custa entre 1 e 2 CUC, dependendo de onde comprarem os cartões. Podem encontrá-los nas lojas ETECSA ao preço mais barato, mas as filas são sempre intermináveis e nós acabámos sempre por pagar mais 1 CUC e comprar em hotéis ou mesmo na rua, já que há cubanos que fazem negócio com isso. Depois é só encontrar locais com hotspot de wi-fi, uma tarefa que é mais fácil do que parece. A maioria destes sítios são parques ou jardins, onde se vê toda a gente agarrada aos telemóveis.

 

Acredito que a fraca disponibilidade de internet seja um dos factores que contribui para que os cubanos continuem a ser um povo extremamente feliz e altruísta. Durante os nove dias de férias tive uma sensação que é raro ter hoje em dia: a de que as pessoas estavam de facto a viver a vida, sem distracções nem refúgios tecnológicos. Ainda assim, não deixa de ser irónico que, em Portugal, as pessoas vão para os parques para se desligarem da internet, enquanto que em Cuba, ir para os parques é a única forma de se ligarem ao resto do mundo.

 

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7. O que levar

Acho que já vos falei de todos os aspectos básicos que devem ter em conta se estiverem a planear uma viagem a Cuba, mas ainda assim quero listar algumas das coisas que precisam de levar convosco. A primeira é, obviamente, o visto de turista, que é bastante fácil de obter tanto presencialmente como por correio. Presencialmente custa 22€ e devem levar convosco o passaporte, o comprovativo de compra dos bilhetes de avião e o comprovativo de alojamento. É-vos entregue na hora e estão mais do que despachados.

 

Se leram por aí que é preciso um seguro de saúde para entrar em Cuba, obtiveram a informação certa - apesar de nunca nos terem pedido nenhum comprovativo à chegada ou à saída do país. Antes de começarem a investigar já seguros de saúde em viagem, informem-se primeiro se o vosso seguro de saúde (caso tenham) cobre despesas em viagem, porque é bem provável que isso aconteça.

 

Por fim, algumas coisas que não faz mal nenhum reforçar: calçado confortável e bolhas para os pés, porque com o calor os vossos pés vão inchar muito, e repelente contra insectos, sobretudo se estiverem a pensar ir para zonas mais interiores, como Viñales.

 

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Já vos agucei ligeiramente a curiosidade e ficaram com vontade de saber mais sobre Cuba? Perfeito. Brevemente vou partilhar convosco o meu diário de viagem com as impressões que tenho de cada sítio por onde passei e algumas dicas e conselhos sobre como podem aproveitar ao máximo a vossa viagem. Por enquanto, digam-me: há alguma questão mais prática que tenham e à qual eu ainda não respondi? Digam coisas na caixa de comentários!

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