Creative Mornings // Symmetry
Faz hoje uma semana que comecei o dia na Statup Guide, no Beato, a ser speaker nas CreativeMornings. Ok, muitas coisas novas numa só frase, vou tentar explicar tudo: a iniciativa CreativeMornings surgiu em 2008, em NYC, com o objectivo de criar um momento em que a comunidade criativa pudesse juntar-se e discutir variados temas. Se tudo isto começou numa cidade, em casa e apenas com café como combustível, quase 11 anos depois mudou muito - mas a essência permanece.
As CreativeMornings acontecem numa sexta-feira, todos os meses, em 198 cidades. A ideia é que se discuta o mesmo tema de formas diferentes em todo o mundo. E Lisboa, claro, faz parte da lista. O tema do mês de Fevereiro foi “Symmetry” e a Elisa, a organizadora deste evento, convidou-me para falar um pouco de como encontro ordem e simetria das diferentes coisas que faço no dia-a-dia. A Startup Guide deu o espaço, havia um pequeno-almoço incrível, e lá aconteceu.
Comecei por dizer que estava muito nervosa, o que é bastante verdade. Normalmente disfarço bem, mas gosto pouco de falar sobre mim e era disso que esta manhã se tratava - de falar do trabalho que desenvolvo em várias frentes. Falei do curso de Ciências de Comunicação que tirei, com o intuito de me tornar jornalista; de como percebi que o jornalismo não era a minha forma favorita de contar histórias; das sucessivas tentativas que fiz com o blog até ele se transformar no que é hoje; da minha paixão crescente por contar histórias, escritas e fotográficas, à volta da comida; dos workshops de Escrita Criativa e d’Uma Dúzia de Livros, o clube/desafio de leitura que criei este ano.
Acho que falei de mais coisas e a simetria, não sendo óbvia, está lá: tudo o que faço é com o intuito de contar histórias. E se, durante muitos anos, achei que contar histórias bastaria, há uns tempos percebi que era apenas um meio para um fim. Contar histórias, para mim, é uma forma de ultrapassar medos, de me abrir aos outros e de aprender com eles. Em última análise, resume-se tudo a isto: a perceber que não vale a pena tentar ser solitária neste mundo quando há tanto (de positivo) que podemos tirar dos outros.
Terminei a apresentação com algumas das formas que encontro para conjugar todas as coisas que faço - até porque os meus dias ainda têm 24 horas -, e gostava de as partilhar convosco também:
> Começo o dia a fazer alguma coisa por mim. No meu caso é ir ao ginásio bem cedo, algo que sei que vou certamente adiar se não fizer logo, mas no vosso caso pode ser dormir mais 10 minutos, tomar um bom pequeno-almoço, fazer uma caminhada ou ler uma página de um livro;
> Às vezes tenho que dizer “não”. Sei que não é tarefa fácil para a maioria das pessoas, mas é preciso distinguir bem o que queremos muito fazer daquilo que conseguimos efectivamente fazer;
> Tento lembrar-me porque é que comecei a fazer as coisas. É fácil duvidar das nossas capacidades e pôr os projectos em causa quando começamos a ficar cansados, as tarefas se acumulam e deixamos de ter tempo para nós. Ajuda-me muito parar e relembrar-me porque é que me meti nas coisas, qual a minha motivação e os objectivos que tinha;
> Sei que “tempo livre” pode significar coisas diferentes. Os momentos livres daquilo que é o nosso trabalho das 9h às 18h não são todos iguais: às vezes precisamos mesmo de descansar, mas há outras situações em que podemos pegar naquela ideia que ainda não desenvolvemos;
> Começo sempre com o fim em mente. Tenho que ter uma ideia muito clara do que é que as coisas me vão trazer, nem que seja apenas aprender alguma coisa ou alguém novo. Sem um objectivo ou motivo, rapidamente nos vamos frustrar;
> Percebi que não tenho que escolher. Se eu fosse só a Rita da agência em que trabalho, só a Rita deste blog, só a Rita que dá workshops de Escrita Criativa ou só a Rita d’Uma Dúzia de Livros, provavelmente iria sentir-me incompleta. Na realidade, eu não preciso de ser apenas uma desde que tenha um propósito em cada coisa que faço.
Depois de ter partilhado esta lista de coisas que me ajudam a manter a simetria criou-se uma conversa óptima, que extravasou o tema e ainda bem. Foi uma manhã muito bem passada, por isso só tenho a agradecer o convite e a experiência às CreativeMornings a à Startup Guide! Vou voltar certamente, desta vez para estar no lugar do público a aprender com pessoas inspiradoras.
Quem já esteve numa destas manhãs e quem ficou com vontade de ir? Contem-me tudo!
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Todas as fotografias deste post foram gentilmente cedidas pelos fotógrafos das CreativeMornings LX e podem encontrá-las no Flickr oficial do evento.