Claraboia, José Saramago
Há alguns autores que eu considero favoritos, mas dos quais ainda não li a obra toda — propositadamente. O que é que isto quer dizer? Que evito ler mais do que um livro de certos autores por ano, sobretudo se já faleceram, porque sei que vou chegar a uma altura em que já não há mais. Falo, claro, de José Saramago.
O meu Saramago deste ano foi Claraboia, a propósito de ter entrado mais uma vez no desafio #WookMeUp da Wook. A ideia era escolher três clássicos que eu nunca tivesse lido e eu aproveitei a deixa para me aventurar um pouco mais na obra do nosso Nobel. Vou ser muito honesta: eu não sabia o que esperar porque a sinopse do livro nem sequer explicava a premissa da história, e por isso tive alguma dificuldade em entrar na narrativa.
Só quero dizer que aquilo que cada um de nós tiver de ser na vida, não o será pelas palavras que ouve nem pelos conselhos que recebe. Teremos de receber na própria carne a cicatriz que nos transforma em verdadeiros homens.
Ao contrário de outros livros dele, em que há um ponto de partida fora do comum — por exemplo: de um dia para o outro ninguém morre ou há uma epidemia de cegueira em Portugal —, Claraboia conta “apenas” a história de um prédio e das pessoas que nele habitam. Os capítulos vão sendo contados da perspectiva dos vários vizinhos e é assim que vamos deslindando as dinâmicas entre eles.
Só consegui realmente entrar no livro a partir de meio, até porque está escrito de uma forma bastante normal — tem sinais de pontuação e tudo! —, então sinto que estranhei e que o meu cérebro demorou um pouco a compreendê-lo como Saramago, se é que isto faz sentido. No geral é uma boa experiência de leitura, como aliás tudo do autor, mas não posso dizer que tenha sido memorável. Depois de Intermitências da Morte, que li há uns anos, e de Ensaio Sobre a Cegueira, que li no ano passado, fica difícil de superar.
Que livro de Saramago devo ler em 2023?