Cienfuegos e Trinidad: uma viagem ao passado
Estamos a chegar ao fim dos relatos da viagem a Cuba, com uma paragem em Cienfuegos e uma visita a Trinidad. Antes de vos falar sobre estes dois sítios, precisam de saber que ficam bem perto da Baía dos Porcos, ou seja, a Este de Havana. Mas como só há uma auto-estrada na ilha, para irmos lá ter fizemos uma viagem de quase seis horas entre Viñales e Cienfuegos.
Despedimo-nos da Yamira e do Ricardo de manhã, que amavelmente nos arranjaram um colectivo. O que nós não sabíamos era que seria preciso trocar de carro a meio da viagem, em Havana. No primeiro colectivo tivemos a companhia de três polacas e duas francesas, mas quando chegámos ao local de transbordo não queríamos acreditar no tamanho do camião que nos ia levar finalmente até ao destino. Para terem noção, éramos 14 pessoas para além do motorista.
Assim que chegámos, já passava da hora de almoço, pareceu-nos que Cienfuegos era uma espécie de cidade abandonada. Apenas a Boulevard San Fernando, uma das artérias da cidade, tem um aspecto minimamente renovado e bem tratado. É esta rua que nos leva do Paseo del Prado até ao Parque Martí, um dos poucos sítios com wi-fi em Cienfuegos e onde se vê mais gente na rua.
No Hostal, que ficava bem no centro, fomos recebidos por uma senhora mais velha e um rapaz mais novo, que estavam a rever a final de futsal e deu logo uma conversa gigante sobre Portugal e futebol, como aliás foi recorrente em toda a viagem. Como é apanágio dos cubanos, a senhora foi incansável em falar-nos dos melhores sítios para visitar perto e, como só tínhamos dois dias, optámos por conhecer Cienfuegos no dia da chegada e, no dia seguinte, fazer uma visita a Trinidad.
Em Cienfuegos
Muitas vezes chamada “a pérola do sul”, Cienfuegos é uma cidade costeira situada numa baía lindíssima. Em muitos locais, fez-me parecer que estava em Miami dos anos 50 e relembrou-me que, em Cuba, é normal sentirmos que fizemos uma viagem ao passado. Uma das partes que mais gostei é o extenso passeio do centro até La Punta, onde fica a baía. Ali existe um Malecón semelhante ao de Havana, só que mais pequeno.
Foi no Palacio de Valle que tivemos um dos momentos altos da viagem, não apenas porque o palácio é lindíssimo, mas sobretudo porque subimos ao terraço para beber um mojito enquanto ouvíamos uma banda a tocar músicas cubanas. Vale a pena conhecer este local e passar lá algum tempo a desfrutar da vista.
Embora seja uma cidade genuína, Cienfuegos não é muito grande, por isso consegue-se visitar bem em poucas horas. Por isso, pedimos ajuda à senhora do nosso hostal para, no dia seguinte, irmos a Trinidad.
Em Trinidad
Começámos o dia com um pequeno-almoço reforçado. O casal de canadianos que estava alojado connosco disse uma frase que resume a relação que tive com a comida em Cuba: “é melhor comer bem quando temos oportunidade porque nunca sabemos quando vamos poder comer a seguir”. No fundo foi isso que fizemos nesta manhã, até porque havia imensa goiaba na mesa.
Entretanto chegou o taxista que nos ia acompanhar durante todo o dia e ao início achámos um exagero quando nos disse que iriamos demorar cerca de 1h30 a chegar a Trinidad, que fica a 80km. Mas em Cuba todas as viagens demoram mais do que demorariam noutro sitio, em muito devido à má qualidade das estradas e dos acessos. Seja como for, a viagem foi muito agradável: fomos dentro de um carro antigo e a vista de Cienfuegos até Trinidad é lindíssima porque passamos no meio do parque natural. Com a luz da manhã então, torna-se inesquecível.
Se Cienfuegos não impressionou, Trinidad ficou-me no coração. É uma das cidades coloniais mais bem preservadas do país e, apesar de ser pequena, é absolutamente encantadora. Recomendo que façam o que nós fizemos - simplesmente passear sem grande rumo. Tenho a certeza que se vão apaixonar pelas cores dos edifícios e pelo ambiente, mas preparem-se porque é muito mais turística do que Cienfuegos.
Depois de um bom passeio matinal pela cidade e de uma subida à torre do Museu Municipal, onde a vista é magnífica, perguntámos ao taxista se nos podia levar até à Playa Ancón, a cerca de 10km dali. Ele disse logo que sim e ficámos por lá durante a tarde, a apanhar sol e a tomar banho em águas quentinhas e translúcidas. Eu não sou muito de praia, mas esta foi uma das mais bonitas em que já estive e deu-me muita vontade de nunca mais ir embora.
E pronto: termina assim o meu relato sobre os locais por onde passei em Cuba. Para a semana vou ainda publicar um texto sobre a forma como me senti depois de voltar, porque na realidade uma viagem a Cuba muda-nos. E, claro, hei-de partilhar convosco um vídeo de viagem como tenho feito ultimamente. Mas antes de tudo isso, digam-me: têm alguma questão sobre a viagem a Cuba que gostassem de ver respondida?