Chipre // O que saber
Quem é que já tinha saudades de ler sobre viagens aqui pelo blog? Eu já sentia falta de escrever sobre o tema e estou muito feliz por vos trazer um bocadinho daquilo que foi a nossa experiência em Chipre, o destino escolhido para uma viagem com um casal amigo (olá, Mafalda e João! 🙋♀️). Porque é que escolhemos esta ilha, perguntam vocês? Porque decidimos ir de férias juntos, mas tudo tem de ser uma brincadeira e fizemos um concurso em que cada um apresentava uma proposta. Votações finalizadas, ficou entre Chipre e Turquia, mas para férias em julho apetecia-nos mais um sítio onde pudéssemos fazer essencialmente praia (e onde não nos sentiríamos a aproveitar mal se ficássemos apenas dentro de água).
Isso leva-me a um disclaimer sobre esta publicação e a próxima que tenciono fazer: o nosso objetivo era essencialmente fazer praia e descansar, por isso tudo o que fizemos foi nesse sentido. Só visitámos um local arqueológico e não nos demorámos muito em cidades ou vilas. Nesse sentido, e para responder à questão que mais me fizeram, pareceu-me bastante baby/kids-friendly: tirando uma ou outra praia de acesso mais complexo, vimos sempre bastantes famílias.
Mas bom, estou a adiantar-me. Para a semana falarei um pouco melhor sobre o que fizemos e o que recomendamos. Primeiro vamos àquilo que precisam de saber no momento de marcar uma viagem a esta ilha:
Como chegar
Uma das partes mais importantes na organização de umas férias e aquela em que percebemos que, infelizmente, não há voos diretos de Portugal para Chipre. Isto significa que devem considerar, na prática, um dia inteiro para cada viagem. Por exemplo, nós fomos de sexta a sexta, sendo que as sextas foram precisamente para chegar a Chipre e para regressar. Optámos por voar pela Lufthansa para o aeroporto de Larnaca — para lá fizemos escala em Zurique e para cá em Munique — e, tendo comprado os bilhetes com cerca de cinco meses de antecedência, pagámos 385€ por pessoa (ida e volta, com mala de porão).
Onde ficar
A ilha não é muito grande, mas levantou-se desde logo a questão de que zona escolher para ficar a dormir. Paphos, Limassol e Agia Napa são as regiões mais famosas, todas elas costeiras, e nós optámos por ficar entre Larnaca, onde é um dos aeroportos, e Agia Napa porque, depois de delinearmos mais ou menos o plano, percebemos que iríamos passar mais tempo do lado este da ilha.
Soubemos desde o primeiro momento que alugaríamos um carro para termos mais flexibilidade. Assim sendo, não nos fazia grande sentido ficar alojados no meio do caos — podíamos perfeitamente ficar numa zona periférica e um pouco mais calma. Encontrámos uma casa perfeita no Airbnb, com piscina e bastante espaço exterior para podermos aproveitar os finais de dia e as noites quentes — e não podíamos recomendar mais.
Transportes & Orientação
Depois de termos investigado um pouco, a internet era unânime: se a ideia numa viagem a Chipre é explorar a ilha, o melhor é fazê-lo de carro (atenção que se conduz do lado esquerdo!). Não só concede a tal flexibilidade de que já falei, como na realidade a rede de transportes públicos não funciona assim tão bem. Se, por outro lado, forem numa lógica de ficar num resort, então sugiro que avaliem se precisam ou não de alugar um carro.
Em geral, os sistemas de GPS funcionam bastante bem e orientam-vos onde precisarem. Ainda assim, por causa de toda a situação na Faixa de Gaza, por vezes os satélites são redirecionados, fazendo com que os mapas mostrem que estão noutro local qualquer (connosco era sempre o Líbano). Se vos acontecer, não se assustem: por norma, a situação fica regularizada uns minutos depois.
Lado grego vs. Lado turco
Este é uma das questões mais importantes a saber antes de viajar para Chipre: a ilha está dividida em dois lados, a República de Chipre (com influências gregas) e a República Turca de Chipre do Norte (esta apenas reconhecida pela Turquia). A nossa viagem coincidiu com os 50 anos desta divisão, sobre a qual vale a pena pesquisar mesmo que não tenham vontade de viajar para o país — aliás, foi quando soube destes contornos políticos através do livro The Island of Missing Trees (PT: A Ilha das Árvores Desaparecidas), de Elif Shafak, que fiquei com mais curiosidade em conhecer esta ilha.
Nós ficámos alojados no lado grego, e prometo, no próximo post, falar-vos um pouco melhor da experiência de visitar Nicósia — uma capital dividida —, bem como a de explorar uma parte do lado turco num dos dias. Para já, contudo, o fundamental a explicar é que, ao contrário do que lemos em vários locais, é possível passar de carro para o lado turco. Primeiro só precisam de perguntar à empresa rent-a-car se não proíbe essa opção e, caso tenham luz verde (ou amarela, vá, que as empresas de aluguer não se querem responsabilizar), depois só precisam de comprar um seguro para o carro no momento em que passarem a fronteira. Nós escolhemos a opção de três dias (o mínimo possível) e pagámos cerca de 30€.
Alimentação & Restaurantes
Por conta destas influências da Grécia e da Turquia, podem esperar uma gastronomia muito rica e tipicamente mediterrânica — e diria que os vegetarianos não terão grande dificuldade em encontrar opções (benditos queijos feta e halloumi). Na próxima publicação prometo dar dicas de restaurantes por zona da ilha, mas esperem muitas mezes de carne e peixe por aqui.
Segurança & Sobre os cipriotas
Começo com a parte que pode ser mais polémica, mas não achei os cipriotas especialmente simpáticos. Ok, os do lado grego são um pouquinho menos sisudos do que os do lado turco, ainda assim não são um povo que goste de conversar só porque sim. São práticos e disponíveis, mas não parecem ter vontade de interagir além disso — honestamente, respeito.
Isso levou-nos, ao início, a suspeitar um bocadinho da segurança do país, mas nada temam: a criminalidade é baixa e nunca nos sentimos inseguros. Aliás, deixámos várias vezes as nossas coisas no areal ou no carro enquanto nadávamos durante horas e correu sempre tudo bem. Claro que, como em tudo, vale a pena ir mantendo as coisas debaixo de olho, mas podem fazê-lo sem qualquer tipo de tensão.
Custo de vida & Dinheiro
Chipre faz parte da zona Euro, o que facilita em muito todo o processo de pensar no momento de pagar, mas atenção que no lado turco se usa a Lira turca (embora a maior parte dos sítios aceite pagamento noutras moedas). Salvo raras exceções, foi sempre possível pagar tudo com cartão, até numa carrinha de café no meio do nada.
Considerando que fomos em julho, no pico da época alta, não achámos os preços exagerados — claro que vai depender das escolhas que fizerem, se optarem por ir a locais mais ou menos turísticos. Para vos deixar com alguns exemplos: os valores de supermercado estavam ligeiramente abaixo dos praticados em Portugal e foi possível comer bastante bem em restaurantes por entre 15 a 20€ por pessoa.
Uma pequena lista de coisas para levar (ou arranjar lá):
✅ Uma capa protetora para levarem o telemóvel para dentro de água. Com a quantidade de praias bonitas e vida marinha, de certeza que vão querer fazer vídeos e fotografias dentro de água;
✅ Material de snorkeling, precisamente pela mesma lógica do ponto acima. Encontram facilmente ambas as coisas em lojinhas junto às praias, sobretudo em cidades com mais turismo como Agia Napa, Limassol ou Paphos;
✅ Protetor solar. Por favor, não brinquem com a saúde;
✅ Um cabo AUX para o carro. Se optarem por explorar a ilha de carro, pode fazer sentido levarem um cabo que vos permita pôr as vossas playlists a tocar. “Rita, mas em 2024? Os carros não têm todos sistema de Bluetooth?”. Pois bem, o nosso não tinha e pareceu-nos que, de forma geral, os carros de aluguer em Chipre são um pouco mais velhos — vale a pena prevenir;
✅ Adaptadores para as tomadas. Chipre foi um território colonizado pelos britânicos, por isso, além de se conduzir do lado esquerdo da estada, também utilizam tomadas elétricas como as do Reino Unido;
✅ Snacks para gatos. Sim, eu dei festas a 22 gatos e vi mais umas quantas dezenas. Há mesmo muitos gatos em todo o lado e, se forem cat people, ter snacks sempre à mão pode ser uma boa forma de fazer amizade com eles.
Creio ter coberto a maior parte das questões que me foram fazendo, e que considero importantes no momento de planear uma viagem a Chipre. Ainda assim, já sabem que a caixa de comentários está aberta a todas as vossas dúvidas. Para a semana trar-vos-ei uma publicação com locais a visitar, experiências a não perder e restaurantes, dividida pelas diferentes zonas da ilha.