As minhas pessoas // Sofia
A Sofia não é uma miúda como as outras. Para terem ideia, acho que nunca falámos muito sobre maquilhagem, roupa ou até sobre homens - e se o fizemos foi sempre com o tom despreocupado que nos caracteriza e que eu gosto tanto. Tenho na Sofia um sítio onde nada é demasiado grave, preocupante ou triste. Ela provavelmente não faz ideia disto, mas vejo-a um bocadinho como o Mar Morto: um sítio onde tudo é leve, nada afunda definitivamente.
Ao mesmo tempo, é uma das pessoas mais inteligentes que conheço. É uma inteligência à medida dela: uma inteligência que não grita, mas que se vai revelando quando menos estamos à espera. Lembro-me perfeitamente do primeiro dia em que decidi deixá-la entrar na minha vida (porque tenho esta coisa de ser demasiado fechada) e sei que ela se lembra também. Foi uma das melhores decisões da minha vida, ter-lhe aberto o coração naquela tarde no Starbuck’s do Chiado.
Como acontece com as minhas pessoas, eu e a Sofia não estamos muitas vezes juntas. Agora estamos até cada vez menos, já que escolhemos ambas trabalhos imprevisíveis, que acabam por não ter horários fixos. Brincamos muitas vezes com o facto de estarmos a ficar velhas, mas a verdade é que nos imagino daqui a muitos anos, sentadas num café a falar de tudo e de nada, sem a pressão de termos conversas sérias porque é assim que as amigas devem ser.
Ainda não tinha escrito sobre ela porque queria que as minhas palavras fossem gravadas num dia especial - a Sofia faz anos hoje. Parabéns por mais um ano, bebé. Que venham muitos outros com mais doenças e maleitas, como se já tivéssemos idade para estar reformadas.
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Este é o quinto post sobre as minhas pessoas: aquelas que fizeram e fazem de mim quem sou. As que ensinam - às vezes sem saberem - como andar neste sítio caótico que é o mundo. Espero que gostem tanto de as conhecer como eu gosto de as ter na minha vida.