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Rita da Nova

Qui | 12.10.17

Ao cuidado dos utentes provisórios do meu ginásio

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Olá, utentes provisórios do meu ginásio. Este post é para vocês. Chamo-vos “provisórios” porque sei, fruto da experiência e observação, que mais umas semanas e deixo de ter o privilégio de começar os dias a olhar para as vossas caras (ou outras partes do corpo, se a interacção se der no balneário).

 

Não quero desanimar-vos já, mas precisam de saber uma coisa: essa vontade súbita que tomou conta de vocês e vos levou a inscreverem-se no ginásio não vai durar muito. Podia ser só eu a ser pessimista, mas deixem-me contar-vos uma coisa sobre mim.

 

Vai fazer cinco anos que me inscrevi num ginásio pela primeira vez. Cinco anos. Cinco. E desde então, raros foram os dias em que não pus lá os pés. E não estou com isto a querer dizer que temos que ser todos iguais. Só que, durante este tempo todo, eu percebi como é que a maioria das pessoas funciona: inscrevem-se em Setembro e desistem em meados de Outubro. Inscrevem-se a meio de Dezembro para poderem comer no Natal sem engordar e desistem a meio de Fevereiro, quando percebem que foi estúpido colocar “Fazer exercício mais vezes” na lista de desejos para o novo ano. Acham que em Maio é que vai ser, mas em Julho vão de férias e nunca mais pensam nisto.

 

E nesses momentos em que vocês se enchem de força e motivação, quem se lixa são pessoas como eu. Pessoas que acordam todos os dias às 6h30 da manhã para ir ao ginásio porque isso as faz sentir bem. Pessoas que saem exaustas do trabalho e, ainda assim, fazem um esforço para terminar o dia com exercício físico. Pessoas que, quando vocês decidem ir ao ginásio, não têm máquinas livres na sala de exercício. Que ficam sem senhas para as aulas que fazem todos os dias durante todo o ano. Que não têm como se mexer dentro do balneário sem levar com rabos na cara.

 

Malta, façam como quiserem, mas gostava que soubessem o seguinte: se não está fácil para quem vai todos os dias, imaginem para quem tem a assiduidade de um eclipse solar. Até se decidirem se é desta que vêm para ficar, por favor, dêem-me espaço.