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Rita da Nova

Sex | 08.09.23

A Visão das Plantas, Djaimilia Pereira de Almeida

Ouço falar muito bem da escrita da Djaimilia Pereira de Almeida desde que tinha uma espécie de desafio/clube do livro chamado Uma Dúzia de Livros (alguém se lembra desses tempos pré-pandemia?). Luanda, Lisboa, Paraíso foi o primeiro livro dela que me recomendaram — e uma das minhas compras na Feira do Livro deste ano —, mas decidi começar a ler a autora com A Visão das Plantas, também uma compra no evento este ano.

 

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Quando leu Pescadores, de Raul Brandão, a autora encontrou lá a personagem do Celestino, um homem calado e sério, que vivera como pirata e havia regressado a casa, onde mantinha um quintal de fazer inveja à vizinhança, tal era o seu amor às plantas. Daí, decidiu escrever um livro que explorasse um pouco mais a história deste Celestino.

 

Talvez não tenha sido a melhor escolha para me iniciar na escrita da Djaimilia, não por ser um mau livro — longe disso! —, mas porque ia à espera de uma coisa completamente diferente. Diria que se situa mais na categoria do conto, mas não se deixem enganar pelo tamanho — uma vez que a narrativa não está contada de uma forma linear, é provável que nos sintamos perdidos em alguns momentos. O que faz sentido, se pensarmos que o Celestino é um homem velho, que regressou a casa para morrer depois de ter vivido décadas como pirata e ter feito coisas horríveis e, agora, ser atormentado pelos fantasmas do passado.

 

É um excelente ensaio de personagem, já que Celestino é muito humano: pode ter feito uma série de coisas condenáveis durante a vida, mas tem um jeito especial com as plantas, ama-as mesmo, relaciona-se com elas. Gosto sempre quando os autores me entregam personagens que podiam mesmo existir e, por várias vezes, imaginei que este senhor podia perfeitamente ter existido no bairro onde eu cresci e que eu podia perfeitamente ter sido uma das crianças fascinadas e assustadas por ele. Agora, a escrita é intrincada e nem sempre é fácil de seguir, por isso tenham isso em consideração antes de se atirarem para esta leitura.

 

Brevemente quererei ler então Luanda, Lisboa, Paraíso, de que já ouvi maravilhas — tirando esse, que outros livros me recomendariam desta autora?

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