A Desobediente, Patrícia Reis
Com o tempo, com a quantidade e com os diferentes géneros de livros que leio, é normal que nem todos me surpreendam ou me façam ficar completamente obcecada no momento da leitura. Normalmente, é quando decido ler algo fora da minha zona de conforto que isto mais acontece, e foi exatamente esse o caso com A Desobediente, a biografia de Maria Teresa Horta escrita por Patrícia Reis.
Não era que eu não conhecesse Maria Teresa Horta, escritora, feminista, e uma das três Marias das Novas Cartas Portuguesas. Eu sabia quem ela era, conhecia alguma da sua obra, tinha perfeita noção de que lutou toda a sua vida pelos direitos das mulheres. Mas uma coisa é saber dessa forma, simplesmente sabendo porque ela faz parte da nossa História. Outra completamente diferente é conhecê-la mais a fundo através de uma biografia, acompanhar o seu crescimento, o seu trabalho, os seus ideais.
A Desobediente é resultado de várias conversas de Patrícia Reis com Maria Teresa Horta e várias pessoas da sua vida, bem como de uma intensa investigação sobre a vida desta mulher. Nota-se perfeitamente que há uma intimidade diferente na maneira como nos leva até à infância da escritora, para ir construindo a sua passagem por este mundo, que foi quase sempre feita em forma de desobediência. Adorei conhecer mais sobre a vida de Maria Teresa Horta quando era criança e adolescente, de perceber como é que a infância e a adolescência moldaram a adulta em que se tornou.
Fiquei muito fascinada com este livro e com a forma tão envolvente como está escrito. Quando pegava nele, não conseguia largar; quando tinha de parar de ler, não era capaz de deixar de pensar em Maria Teresa Horta. Li-o de uma assentada precisamente porque me consumiu bastante, a acho que é provável que tenha o mesmo efeito noutros leitores. Sobretudo nesta altura, em que vemos tantos ataques às mulheres, vale muito a pena ler a biografia desta mulher e relembrar que a luta dura há muito tempo, e continuará a ser preciso batalhar muito. E fica aqui a sugestão de leitura como forma de celebrar o 25 de abril, claro.
Quem desse lado já leu esta biografia, o que achou? E quem não leu, ficou com vontade?