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Rita da Nova

Ter | 29.04.25

Nem Todas as Árvores Morrem de Pé, Luísa Sobral

Adoro a sensação de terminar um livro de estreia e sentir que há ali uma voz muito própria, bem como muito caminho pela frente. Foi isso mesmo que aconteceu com Nem Todas as Árvores Morrem de Pé, de Luísa Sobral, que já tem uma carreira provada como cantora e compositora, mas que agora prova ter também muito talento para a escrita de romance.

 

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Admito que, ao início, a premissa da história não me puxava muito: acho que já passei a minha fase de ler livros centrados na Segunda Guerra Mundial (e seus efeitos) e que, por isso, acabo a «fugir» um bocadinho a narrativas como esta. Mas ainda bem que foi votado pela comunidade do Livra-te como leitura extra para abril, caso contrário teria passado ao lado de uma história muito bonita, contada com uma beleza ainda maior.

 

Contado através das vozes de duas mulheres, Emmi e M., vamos acompanhar as duas histórias ao longo dos quarenta anos de divisão alemã. Fiquei contente por perceber que a autora decidiu focar-se nas vivências das pessoas que passaram a viver num país dividido em dois — com duas culturas muito diferentes —, já que há menos romances sobre este período da História. Gostei muito de conhecer estas duas mulheres, bem como o rol de personagens com que acabam a interagir. Além disso, e principalmente, a escrita da Luísa Sobral é a grande mais-valia desta narrativa, tanto pela maneira bonita como dá voz a pensamentos mais tristes, como pela própria estrutura que adotou para nos levar ao longo destas páginas.

 

Mas o ser humano adapta-se a tudo, nisso somos diferentes das plantas. As plantas só crescem onde encontram condições perfeitas para se desenvolverem. Nós, seres humanos, temos muitas vezes de criar condições perfeitas num lugar imperfeito.

 

Contudo, e apesar de ser uma história prenhe de empatia, não posso dizer que me tenha ligado completamente às personagens. Acho que faltou qualquer coisa — não necessariamente na construção do livro, mas para mim enquanto leitora, que faz com que não Nem Todas as Árvores Morrem de Pé não seja tão arrebatador como foi para algumas pessoas. De qualquer das formas, gostei mesmo muito da leitura e quero que a Luísa continue a escrever, a dar-nos mais maneiras bonitas de ver o mundo.

 

Também já leram esta obra de estreia? Se sim, o que acharam? Caso não tenham lido, aproveitem porque faz parte do Kobo Plus!