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Rita da Nova

Qui | 10.04.25

Essa Coisa Viva, Maria Esther Maciel

Acho que não teria pegado neste livro se a minha amiga Mafalda (🫰) não mo tivesse trazido do Brasil. E não porque a premissa não me interesse, mas porque provavelmente estaria focada em ler os livros que já tenho cá por casa. Quando ela mo ofereceu, e só de ler a sinopse, soube logo que ia gostar e não me enganei. Por isso, de certa forma, ainda bem que deixei de ler um livro «antigo» na estante para ler este.

 

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Um ano depois da morte da mãe, a nossa protagonista decide começar a fazer, finalmente, o luto. Mas não é um processo de luto como habitualmente vemos descrito nos livros — a relação que mantinha com a mãe não era das mais positivas. Havia uma culpabilização constante, rancores que nunca ficaram resolvidos, ressentimentos que nunca foram trazidos à luz. A personagem principal vai, então, partir de tudo o que está à sua volta, como plantas e objetos, para recordar a mãe e esclarecer, ainda que apenas para si própria, a relação que tinha com ela.

 

Adoro livros que exploram relações entre mãe e filha, sobretudo relações não-convencionais, e este não foi exceção. A escrita de Maria Esther Maciel é muito bonita sem deixar de dizer as coisas como elas são. Em Essa Coisa Viva não há embelezamentos excessivos ou desnecessários, e tão depressa lemos uma comparação bonita entre uma relação e o crescimento de uma planta, como lemos a descrição das coisas terríveis que esta mãe dizia ou fazia. Fez-me pensar muito na maneira como encaramos a morte de pessoas com quem não tivemos uma relação fácil, mas que faziam parte das nossas vidas de qualquer das formas — acabei a leitura com a sensação de que a autora pôs por palavras algumas ideias que eu já tinha tinha tido, mas que não verbalizei.

 

Embora tenha gostado muito, sinto que me faltou qualquer coisa para ser um favorito. Não me parece que tenha sido a escrita, tampouco o facto de não ter praticamente enredo. Suspeito que tenha que ver com a fase da vida em que o li, sem dúvida uma altura mais resolvida em relação aos temas que Maria Esther Maciel aborda; ainda assim, recomendo muitíssimo esta leitura.

 

Ficaram com curiosidade de o ler?