Caledonian Road, Andrew O’Hagan
Andrew O’Hagan não é um nome desconhecido por estas bandas: Mayflies foi uma experiência de leitura muito bonita para mim, pelo que antecipava que o novo livro do autor, Caledonian Road, fosse igualmente bom. Sendo bastante direta: não foi. Aliás, acho que até posso dizer que se tornou uma das leituras mais penosas dos últimos tempos.
Estava à espera de encontrar uma narrativa emocional, mas, em vez disso, encontrei um livro que, apesar de demasiado longo, andou sempre à volta das mesmas ideias. Caledonian Road acompanha Campbell Flynn, um estudioso de História de Arte e biógrafo de Vermeer, que vê a sua vida aparentemente perfeita a desfazer-se demasiado depressa. Cheio de problemas financeiros, decide escrever um livro de autoajuda para homens, encontrando alguém que possa fingir ser o autor. Desenvolve também uma amizade com um jovem estudante, e é a partir daí que tudo começa a mudar realmente — à medida que as diferentes áreas da sua vida se encontram, certos segredos começam a vir ao de cima.
Até gostei dos primeiros capítulos e estava genuinamente interessada nesta ideia de um autor que escreve um livro que sabe que vai vender, mas no qual não acredita, e isso para mim teria sido mais do que suficiente para desenvolver a narrativa. Acontece que o autor quis pôr demasiados temas num só livro, não dando grande profundidade a nenhum deles. A história passa-se durante a pandemia da Covid e o início da invasão russa na Ucrânia, e deu-me a sensação de Andrew O’Hagan querer desenhar um quadro completo do que é ser um homem de meia idade nesta altura, mas esqueceu-se da parte em que dava real profundidade às personagens.
Caledonian Road leva-se demasiado a sério para ser uma boa sátira, mas é demasiado caricatural para funcionar como um romance que pretende espelhar o «estado da Nação». No final, fiquei com pouca vontade de explorar mais a obra do autor — Mayflies continua no meu coração, contudo vou pôr Andrew O’Hagan de lado por enquanto. Já tinham ouvido falar deste livro?