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Rita da Nova

Sex | 14.03.25

Mary John, Ana Pessoa e Bernardo Carvalho

Mary John, de Ana Pessoa, nunca tinha feito parte da minha lista de leituras prováveis até ao momento em que, no terceiro aniversário do Livra-te, decidimos construir uma lista de leituras com a ajuda dos nossos ouvintes. A ideia foi inverter um bocadinho as coisas: assim, vamos lendo estas sugestões da nossa comunidade ao longo do novo ano de podcast e comentando. Fiquei logo curiosa com Mary John por ser uma mistura de prosa e novela gráfica, e pedi-o como prenda de Natal.

 

mary-john-ana-pessoa

 

A história é toda escrita em formato de carta: Maria João dirige-se a Júlio Pirata, o seu grande amigo de infância por quem esteve secretamente apaixonada durante muito tempo. Não é uma carta de despedida porque a nossa protagonista já se encontra noutra cidade quando a escreve, nem é bem uma lista de todas as coisas que gostaria de lhe ter dito e não teve coragem. É uma espécie de longo desabafo, no qual Maria João admite ter saudades de Júlio Pirata, mas onde não se inibe de lhe dizer as coisas que a magoaram.

 

Podia perfeitamente ser entendido como um livro jovem adulto ou até mais infantil, visto que a protagonista é uma adolescente a viver dramas típicos da adolescência. No entanto, senti desde o início que a escrita de Ana Pessoa faz justiça à história, que respeita a idade das personagens sem as infantilizar ou ridicularizar. É impossível não nos identificarmos com os temas tratados — paixões não correspondidas, grandes mudanças na vida, sentimento de não-pertença — ou com Maria João e o seu grupo de amigos. Além disso, achei também que a linguagem dos diálogos estava bastante adequada, sem os habituais exageros de quem quer escrever «à jovem».

 

As ilustrações de Bernardo Carvalho compõem muito bem a narrativa, e ajudam-nos a construir o imaginário que vamos conhecendo através da escrita, e adorei especialmente a escolha do tom de azul. Em resumo: é uma ótima leitura, tanto para adolescentes como para adultos, e acho impossível acabar de ler sem sentir um quentinho no coração pela Maria João.

 

Já tinham ouvido falar deste livro? E por fim, deixam-me recomendações de novelas gráficas dentro deste género?