Revolutionary Road, Richard Yates
Encontrei um exemplar em segunda mão de Revolutionary Road, de Richard Yates, numa livraria em Nova Iorque. Sabendo que era um daqueles livros que desperta curiosidade, mas não imensa, achei que fazia sentido gastar menos dinheiro numa cópia. Depois, como vários livros que cá vêm parar a casa, foi ficando na prateleira até que me decidisse finalmente a lê-lo.
Frank e April são um casal aparentemente feliz. Nos Estados Unidos dos anos 1950, vivem aquilo que poderia ser considerado «o sonho americano». Têm dois filhos saudáveis, uma boa casa nos subúrbios e Frank parece ter um emprego estável. Por detrás desta aparente vida próspera, porém, começamos a compreender que talvez Frank e April sejam afinal profundamente miseráveis. Frank odeia o trabalho que tem, April detesta a ideia de ser dona de casa, mas ambos permanecem porque acham sempre que algo melhor estará por vir. Mas será que está mesmo?
Gostei muito da forma como Richard Yates descasca este casamento, camada atrás de camada, para nos mostrar quem realmente são estas personagens e quais as suas verdadeiras ambições. Senti-me sempre como se não fosse suposto estar a ter acesso à vida privada do casal, como se tivesse uma vista privilegiada para os seus segredos — e a minha veia de «cusca» adorou ir percebendo tudo à medida que a história se desenrolava. Acho que as personagens estão bastante bem construídas, até as secundárias. Aliás, acho que este conjunto de pessoas deu uma substância grande à história, que poderia ter sido mais aborrecida caso ficasse exclusivamente presa no casal.
He couldn't even tell whether he was angry or contrite, whether it was forgiveness he wanted or the power to forgive.
A escrita é muito atual, quase que dá impressão de que Revolutionary Road poderia ter sido escrito nos dias de hoje. Não sei como estará a tradução para português (está publicado com o mesmo título), mas acredito que seja bastante competente. Pareceu-me um daqueles livros bastante universais e intemporais, tanto pela forma como pelo conteúdo, pelo que fica a recomendação caso vos apeteça ler sobre um casamento em crise. Já experimentaram mais algum livro do autor? Se sim, recomendam?