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Rita da Nova

Qui | 30.01.25

Five Tuesdays in Winter, Lily King

No final do ano passado, comecei em busca da melhor forma de ler coletâneas de contos e de ensaios. Como já fui partilhando por aqui, o meu instinto — quiçá porque sempre li mais romances — era o de ler tudo de seguida, sobretudo se estava a gostar. Isso fazia com que confundisse as histórias na minha cabeça, com que não lhes desse espaço para viverem e ecoarem dentro de mim. Com A Sunny Place for Shady People (PT: Um Lugar Luminoso para Gente Sombria) encontrei uma abordagem que tem funcionado: escolho um livro de contos (ou ensaios) para ler em cada mês e leio apenas um a cada manhã — voltei a fazê-lo com Five Tuesdays in Winter, de Lily King, e resultou muito bem.

 

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Já tinha lido Writers & Lovers (PT: Escritores e Amores) há uns anos, e tinha gostado bastante. Sei que não é um livro muito consensual, mas resultou bastante bem para mim, e estava com vontade de explorar mais da escrita da autora. Five Tuesdays in Winter reúne dez histórias, na sua essência bastante diferentes umas das outras; ainda assim, une-as o facto de serem todas sobre pessoas normais, que deparam com questões normais.

 

Adults hid their pain, their fears, their failure, but adolescents hid their happiness, as if to reveal it would risk its loss.

 

Gostei que Lily King explorasse diferentes vozes e diferentes narradores, que se trouxesse protagonistas jovens e velhos, homens e mulheres, na primeira pessoa e omnipresentes. Acredito que estas histórias sejam também uma maneira de exercitar o músculo da escrita, de testar abordagens. Como em todos os livros de contos, alguns tiveram mais impacto em mim enquanto leitora do que outros — e gostei especialmente de três deles. Five Tuesdays in Winter, a história que dá nome ao livro, relata a paixão secreta que um dono de uma livraria tem pela mulher que contratou para trabalhar com ele; Hotel Seattle retrata o amor que um homem gay manteve em segredo pelo seu melhor amigo durante anos, e a oportunidade que surge de finalmente pôr tudo cá para fora; e The Man at the Door, provavelmente a minha favorita, é uma história sobre maternidade e escrita, e sobre a forma como as escritoras são encaradas pelos seus pares. Teria lido este último conto em formato romance, caso a autora quisesse estendê-lo.

 

Não diria que é uma coletânea imperdível, mas pode funcionar muito bem para vocês caso já tenham lido algo de Lily King e tenham gostado da escrita (mesmo que o enredo não vos tenha convencido). Para mim, foi o impulso de que precisava para continuar a explorar a obra da autora! Já agora: que mais livros de contos me recomendariam?