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Rita da Nova

Qui | 23.01.25

Marigold e Rose, Louise Glück

E eis que chegamos à minha última leitura de 2024. Demorou, admito, mas também já sabem que gosto de deixar aqui registadas todas as minhas leituras, e que isso vai levando o seu tempo. Tinha recebido Marigold e Rose, de Louise Glück, há já algum tempo (obrigada, Relógio D’Água). Ainda assim, fui deixando de parte e aproveitei umas horinhas de descanso no dia 31 para pegar nele.

 

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Louise Glück venceu o Nobel da Literatura em 2020, essencialmente pelo contributo que deu à poesia. Nunca li poemas dela e só depois soube que Marigold e Rose, que escolhi para me iniciar na sua obra, foi o último livro e único de ficção em prosa que escreveu. Talvez não tenha escolhido a melhor porta de entrada, como explicarei mais à frente, mas para já é importante dizer-vos o que podem esperar nesta pequena história. Marigold e Rose são duas gémeas, as protagonistas desta espécie de crónica de um primeiro ano de vida. À sua volta, há outras personagens — mãe, pai, as duas avós — e vários momentos que reconhecemos da rotina de duas recém-nascidas — o banho, a sesta, as brincadeiras.

 

Aquilo que mais me surpreendeu foi o exercício de tentar imaginar aquilo que vai dentro da cabeça de duas bebés tão pequenas, ainda por cima gémeas. Marigold e Rose são parecidas, mas desde o primeiro instante que têm uma noção muito clara daquilo que as diferencia, e a sua perceção do mundo é explorada de uma forma muito consciente. Será que é isto que acontece? Que nascemos muito mais conscientes do que pensamos, e que vamos perdendo essa consciência ao longo do tempo?

 

Ainda assim, a escrita não funcionou para mim. Senti sempre que estava a ler um ensaio, ou um exercício de escrita interessante mas pouco emocional. E acho que, aqui, o facto de esta ficção ter pouca história a sustentá-la foi um ponto menos positivo para mim. Fico com vontade de experimentar a poesia da autora, porque me parece que vou gostar mais. Por aí, há quem tenha lido Louise Glück?